Para entender o “martírio”

Um jornalista cita um homem-bomba palestino frustrado que disse que o que o levou a matar israelenses foi "o amor pelo martírio [...] Não queria vingança por nada. Só queria ser mártir”

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“Qual é a atração do martírio?", perguntei. "O poder do espírito eleva-nos, enquanto o poder das coisas materiais puxa-nos para baixo", disse ele. "Uma pessoa determinada ao martírio torna-se imune ao empuxo material. Nosso mentor peguntou: 'E se a operação fracassar?'. Dissemos a ele: 'De qualquer maneira, conseguiremos nos encontrar com o Profeta e seus companheiros, oxalá'. "Flutuávamos, nadávamos na sensação de que estávamos prestes a entrar na eternidade. Não tínhamos dúvida. Fizemos um juramento sobre o Corão, na presença de Alá — a promessa de não vacilar. Essa promessa da jihad chama-se bayt al-ridwan, com o nome do jardim do Paraíso reservado aos profetas e aos mártires. Sei .que há outras maneiras de lutar a jihad. Mas essa é a melhor de todas. Todas as operações de martírio, se feitas em nome de Alá, doem menos que uma picada de mosquito!" S mostrou-me um vídeo que documentava o planejamento final da operação. Nas imagens granuladas, vi-o com outros dois jovens engajados num diálogo ritualístico de perguntas e respostas sobre a glória do martírio [...] Os jovens e o mentor então se ajoelharam e colocaram a mão direita sobre o Corão. O mentor disse: "Vocês estão preparados? Amanhã, estarão no Paraíso".

Voltaire captou bem há muito tempo: "Aqueles que são capazes de convencê-lo de absurdos são capazes de fazê-lo cometer atrocidades". Assim como Bertrand Russell: "Muita gente prefere morrer a pensar. Na verdade é isso o que fazem".

É entrevista com uma mulher-bomba.

"Decidi me tornar uma mártir porque esse é o sonho de todo menino e menina palestino vivendo nessa situação”


“É por isso que nos tornamos mártires, para defender nosso país".


“Tenho certeza de que este é o único caminho e é o caminho que amamos. Fomos criados para nos tornar mártires de Deus”


“Mártires, homens ou mulheres, tem de trabalhar em segredo, ninguém pode saber. Você tem de tomar muito cuidado para não dar nenhum sinal do que está prestes a fazer”.

“Tento não cometer erros para que possa estar pronta para o martírio"

Tanto o nacionalismo quanto a religiosidade, não passam de doenças infantis da humanidade.

Muita Calma Nessa Hora!


Rodrigo Constantino

“O aquecimento global não é o único assunto relevante, e com alguns cientistas fazendo cenários assustadores e dando declarações dramáticas simplesmente se fecha o diálogo vital sobre as prioridades sociais.” (Bjorn Lomborg)

Que o tema “aquecimento global” virou uma histeria parece evidente para qualquer um que ainda não perdeu o juízo. A razão e a calma desapareceram dos debates, onde prevalece o alarmismo irracional. Há muitos motivos e interesses que justificam esta postura, mas só temos a perder com ela. Neste contexto, o livro de Bjorn Lomborg, Cool It, torna-se uma leitura imprescindível, justamente porque foca com serenidade nos argumentos e fatos conhecidos, sem utilizar um apelo sensacionalista. Em resumo, o livro tenta despertar uma reflexão saudável num momento onde as emoções têm dominado o assunto. Qualquer um que é contra as medidas radicais pregadas pelos fervorosos ambientalistas passa a ser visto como um insensível, irresponsável e lacaio das indústrias poluidoras. Isso é prejudicial para o debate.

Antes de seguir com os principais pontos de Lomborg, que é autor também do excelente livro O Ambientalista Cético, é importante mencionar que ele acredita no aquecimento global e que a emissão de dióxido de carbono pelos homens é uma das causas deste aquecimento. Ou seja, ele não nega o aquecimento antropogênico, mas tenta mostrar que há muito alarmismo infundado e que outras prioridades estão sendo abandonadas em prol deste pânico irracional. Alguns cientistas negam o fator humano como causa do aquecimento, e creio que a ciência não pode calar dissidentes, pois o júri ainda não deu o veredicto final. Mas o livro de Lomborg é bastante útil, justamente porque ele é um dos que acredita no aquecimento causado pelos homens, e ainda usa os modelos do próprio IPCC para atacar as medidas defendidas por muitos ambientalistas. O meu ceticismo vai além, pois desconfio de todo modelo que alega ser capaz de previsões de fenômenos complexos como o clima num futuro muito distante. Basta observar a enorme taxa de erros dos especialistas no passado para ficar cético.

O principal ponto de Lomborg pode ser explicado com base naquilo que Bastiat já havia notado: existe aquilo que se vê, mas também existe aquilo que não se vê. Muitos tendem a focar apenas no mais visível, deixando de lado tudo o que não está imediatamente aparente. Todos apontam os inconvenientes do aquecimento global, por exemplo, mas ignoram que existem coisas boas provenientes dele. Já perguntaram para os escandinavos se uma temperatura mais elevada é realmente indesejável? Muitos falam das vítimas do calor, que morrem todo ano, mas deixam de lado as mortes causadas pelo frio. Além disso, Lomborg traz para o debate a idéia de custo de oportunidade, já que os recursos são escassos e devemos sempre focar nas prioridades. Vários ambientalistas parecem tratar seu negócio como o único relevante, e por isso o tom catastrófico, já que se o próprio planeta e os seres humanos correm o risco de extinção, parece natural que todos os esforços sejam direcionados para este problema. Mas será que é este mesmo o caso? Lomborg demonstra claramente que não, que as previsões mais alarmantes são totalmente infundadas, e que várias outras prioridades merecem maior atenção.

O caso dos ursos polares é sintomático para expor as falácias do eco-terrorismo. Alguns ambientalistas radicais chegaram a declarar que o urso polar será parte da nossa história, algo que nossos netos conhecerão apenas em livros. Várias pessoas já devem ter visto capas de revista ou jornal mostrando um urso polar no meio de geleiras derretidas, com dificuldade para sobreviver. No entanto, poucos sabem que a população de ursos polares tem aumentado na verdade. Eram cerca de cinco mil ursos na década de 1960, e atualmente existem 25 mil. O principal motivo é um rigor maior contra a caça. Contrário ao que poderíamos pensar, as populações em declínio vêm de áreas que estão esfriando nos últimos 50 anos, enquanto as populações crescentes estão em áreas mais quentes. Por que estes dados são ignorados pela imprensa e por muitos ambientalistas?

Na mais recente onda de calor que tirou milhares de vidas na Europa, inúmeros ambientalistas aproveitaram para apontar as desgraças do aquecimento global. Quando duas mil pessoas morreram de calor no Reino Unido recentemente, o estardalhaço foi ensurdecedor. Enquanto isso, a BBC discretamente expôs um documentário mostrando que umas 25 mil pessoas eram vítimas fatais do frio em cada inverno inglês, sendo que os invernos de 1998 a 2000 tiveram quase 50 mil mortes a cada ano. Na Europa como um todo, segundo Lomborg, cerca de 200 mil pessoas morrem por ano de excesso de calor. No entanto, algo como um milhão e meio de europeus morrem todo ano por excesso de frio. Por que ninguém fala disso? Lomborg acredita inclusive que o aquecimento global poderá ter um efeito líquido positivo em termos de perdas humanas. Muitos idosos sofrem com problemas respiratórios por causa do frio. Já perguntaram a estas pessoas se temperaturas mais elevadas são realmente indesejáveis?

Um dos principais alvos de Lomborg é o Protocolo de Kyoto, com metas ambiciosas e ao mesmo tempo irrealistas e até ineficientes. Lomborg questiona se o real objetivo é tornar a vida dos seres humanos melhor, ou apenas reduzir emissões de CO2. Muitas vezes parece que a meta final é apenas atacar as indústrias e o uso de combustível fóssil, talvez por motivos ideológicos. O ponto é que a adoção das medidas do Protocolo de Kyoto iria gerar pouco impacto positivo em relação ao aquecimento global, mas seria extremamente custoso para a humanidade. Há também uma completa desconfiança em relação à capacidade humana de se adaptar e avançar tecnologicamente. Aprendemos a produzir muito mais usando a mesma quantidade de energia. Um carro médio na América melhorou a distância percorrida por consumo de combustível em 67% desde 1973. A máquina de lavar ou o ar condicionado consomem a metade da energia consumida nas décadas passadas.

Os países que mais poluem em termos relativos são os menos desenvolvidos, como Índia e China, justamente porque o progresso capitalista ainda não chegou com força. A tendência é que o próprio avanço tecnológico vá demandando cada vez menos recursos para produzir a mesma quantidade de bens. Alguns ambientalistas parecem ignorar isso, ou mesmo desejar um regresso aos tempos medievais da pré-indústria. Será que a vida dos seres humanos era mais confortável antes do avanço industrial? Claro que não! Talvez a ideologia explique tanta gente ter abraçado o eco-terrorismo. Já que não podem mais condenar a industrialização capitalista por não produzir riqueza para todos, agora atacam a própria produção de riqueza em si, alegando que ela irá destruir o mundo. Os custos das medidas radicais propostas para redução de CO2 cairiam sobre os consumidores, especialmente os mais pobres. Poucos levam isso realmente em conta na hora de mergulhar na “cruzada moral” que se tornou a causa ambientalista.

Na verdade, medidas bem mais pontuais e baratas teriam um efeito muito melhor em comparação ao que o Protocolo de Kyoto defende. Mas não é provável que alguém ganhe o Prêmio Nobel da Paz defendendo a construção de diques ou a plantação de árvores. Soa bem mais grandioso defender a redução em até 60% das emissões de CO2, como fez Al Gore, ainda que esta meta seja inviável, pois geraria resultados catastróficos para a economia. Além disso, devemos sempre ter em mente a questão das prioridades. Algo como quatro milhões de pessoas morrem todo ano vítimas da desnutrição, três milhões morrem por causa do HIV e quase dois milhões perdem a vida por falta de água potável. Será que num mundo desses a prioridade realmente deveria ser o aquecimento global e os trilhões de dólares que a causa demanda? Será que não existem usos mais prioritários para esses recursos?

Acabar com os subsídios agrícolas no mundo desenvolvido, por exemplo, iria gerar um benefício fantástico para os mais pobres, estimado por alguns modelos na casa do trilhão de dólares. Curiosamente, muitos ambientalistas são também defensores do protecionismo comercial, para “proteger” empregos locais de eleitores. Será que a prioridade dessas pessoas é realmente o bem-estar da humanidade, especialmente dos mais pobres? A cruzada ambientalista pode fazer seus adeptos se sentirem bem, parte de uma causa moral superior. Mas a questão crucial é outra: queremos nos sentir bem, ou queremos efetivamente fazer o bem?

Entre os anos 900 e 1200 ocorreu um período quente conhecido como Período Quente Medieval, que reduziu o gelo no mar e tornou possível a colonização de áreas antes inóspitas, como a Groelândia. Os Vikings não resolveram chamar a terra desse nome, ligado à cor verde, por ironia. Não existiam indústrias ainda, para serem culpadas pela época mais quente. Em seguida, veio um período de esfriamento. O inverno mais rigoroso da França ocorreu possivelmente em 1693, que pode ter matado quase 10% da população francesa. Se estamos deixando para trás essa pequena era do gelo, parece natural vermos geleiras derretendo. Na verdade, as geleiras vêm se reduzindo há séculos, e há muito pouco o que o corte na emissão de CO2 pode fazer para mudar isso. Ainda assim, a Groelândia parece ter passado do ponto mais quente desde 1940, e de fato esfriou até 1990. Não se escuta muito falar sobre isso. O ano mais quente no local foi 1941, e as décadas mais quentes foram 1930 e 1940. Por que não vemos ambientalistas comentando esses dados? Em contrapartida, vemos uma grande atenção voltada para a Antártica, especificamente a sua península, que está aquecendo. No entanto, a parte da Antártica que está se tornando mais quente representa apenas 4% do total da área, enquanto os demais 96% da Antártica se tornaram mais frio. O Pólo Sul viu sua temperatura declinar desde o começo das medições, em 1957. Quantas pessoas lêem sobre isso na imprensa?

O aquecimento global e por tabela os homens são acusados pelos furacões violentos agora também. No entanto, a própria World Meteorological Organization (WMO), ligada à ONU, reconhece que nenhum ciclone tropical individual pode ser diretamente atribuído à mudança climática. Além disso, a WMO entende também que o recente aumento do impacto social dos ciclones se deve basicamente à maior concentração da população nas áreas atingidas. Existem duas vezes e meia mais gente no mundo hoje do que em 1950, e cada um é, na média, três vezes mais rico. As áreas de encosta cresceram ainda mais em termos relativos. Parece natural que o estrago de ciclones, tanto em termos de riqueza quanto de vidas perdidas, tende a ser maior atualmente. Se o furacão que atingiu Miami em 1926 ocorresse hoje, com a mesma intensidade, ele seria o maior na história americana em termos de estragos. No entanto, vemos vários ambientalistas usando o Katrina como “evidência” dos estragos crescentes do aquecimento global. Não é uma postura muito científica. Além disso, medidas menores, como diques e barreiras eficientes, podem gerar um resultado bem melhor do que o corte na emissão de CO2 proposto pelo Protocolo de Kyoto. Infelizmente, propor a construção de diques não tem o mesmo glamour que abraçar uma “missão salvadora” do planeta, ainda que a primeira opção efetivamente possa salvar bem mais vidas.

O alarmismo é bem antigo quando se trata do clima, assim como o uso do homem como bode expiatório. Na Europa medieval, as “bruxas” eram queimadas pela Inquisição acusadas de criar o mau tempo. A culpa pelos verões úmidos das décadas de 1910 e 1920 foi atribuída à Primeira Guerra Mundial, com extensivo uso de disparos, e ao início do rádio transatlântico. A revista Science Digest publicou em 1973 que o mundo estava prestes a congelar, e que se nada fosse feito logo seria tarde demais. Em 1975, a capa da respeitada Science News tinha uma foto de Nova York tomada por uma geleira, alertando que uma nova era do gelo havia começado. Isso tem pouco mais de 30 anos apenas, e o pânico do momento era o esfriamento global. O discurso de catástrofe iminente conquista muitos seguidores, mas não deve ser a língua da ciência.

Modelos frios que usam o conhecimento limitado dos especialistas no presente já não deveriam ser encarados sem ceticismo ou desconfiança, pelo simples fato de que não somos capazes de antecipar o futuro com tanta precisão. Hayek já havia notado que o conhecimento é disperso e que o futuro é sempre incerto, especialmente quando se trata de fenômenos complexos. É perigoso depositar poder demais no conhecimento dos especialistas de determinado assunto, quando eles mesmos sabem apenas uma pequena parcela do todo. Mas mesmo assim, segundo Lomborg, os estudos com peer-review calculam os estragos do aquecimento global em cerca de 1% do PIB, e seus custos em cerca de 2%. Gastar dois dólares para conseguir economizar um dólar não parece uma decisão sábia do ponto de vista econômico. Sem dúvida existem outras formas melhores de gastar esses recursos.

A politização do IPCC não ajuda também. Como coloca o cientista Richard Lindzen, do MIT, os dissidentes do alarmismo climático viram os fundos de pesquisa desaparecer, e foram vítimas de todo tipo de injúria. Não se faz ciência séria desta forma. Mas, infelizmente, o tema do aquecimento global é perfeito para políticos oportunistas, que falam aos corações dos eleitores, enquanto jogam os custos para longe de seus mandatos. Há muita hipocrisia no tratamento do assunto, como no caso onde um governo prega a urgente necessidade de uma drástica redução na emissão de CO2, ao mesmo tempo em que inaugura um novo aeroporto. Os políticos adotam discursos vazios, defendendo medidas radicais e absurdas porque sabem que elas não serão adotadas de fato. O que é positivo, pois seus efeitos seriam terríveis para a economia. O Terceiro Mundo, por exemplo, ainda tem algo como um bilhão e meio de pessoas sem acesso à eletricidade. O uso de combustível fóssil é crucial para essa gente, para o seu desenvolvimento econômico. Vetar o consumo de combustível ou exigir a sua substituição por alternativas bem mais caras é o mesmo que condenar essas pessoas à completa miséria. Será que a sensação confortante de fazer parte de uma cruzada moral justifica este resultado concreto? Vamos condenar centenas de milhões à pobreza eterna para que Al Gore receba um Prêmio Nobel da Paz, enquanto consome sozinho mais combustível fóssil do que milhares de africanos juntos?

Os debates em torno do tema adquiriram ares de seita religiosa, com muitos fanáticos atacando os “hereges” que pedem mais calma e razão neste momento. Alguns chegaram a propor medidas legais contra os dissidentes, assim como existe para quem nega a existência do Holocausto. Se depender dessa turma, seria crime negar o aquecimento global ou suas previsões catastróficas! O que aconteceu com o bom senso das pessoas? A histeria não ajuda em nada na tomada de decisões. É preciso esfriar a cabeça quando o assunto é aquecimento global. Além disso, confiar demais nas medidas políticas nunca foi algo muito sábio. Faz mais sentido acreditar na capacidade dos indivíduos de se adaptarem, de inovarem e criarem novas técnicas eficientes de produção. O mundo não saiu da era medieval para a modernidade por conta de planos mirabolantes de políticos, mas sim pelo funcionamento do livre mercado. Políticos raramente acertam na hora de definir prioridades, e quase nunca acertam nas medidas escolhidas para atacar as prioridades também.

Se os políticos tivessem tomado medidas radicais com base nas previsões de Malthus, o mundo seria outro hoje, muito pior. Na década de 1970, o Clube de Roma fez previsões catastróficas sobre os recursos naturais, alertando que o petróleo, por exemplo, estava prestes a acabar. E se os governos tomassem medidas radicais com base nessas previsões erradas? Existem vários exemplos onde especialistas previram desgraças de forma infundada, e se o governo criasse planos rígidos com base nessas estimativas, a humanidade perderia muito. Portanto, vamos lembrar isso tudo, e evitar os discursos sensacionalistas e as previsões apocalípticas, pois isso em nada auxilia as tomadas de decisão. Quando o assunto for o aquecimento global, é preciso esfriar a cabeça, antes de tudo.

 
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