Protecionismo


N. do T.: o texto a seguir, da década de 1980, ainda se mantém atualíssimo. Naquela época, o fantasma era o Japão; hoje, a China.

O protecionismo, que era frequentemente refutado e parecia abandonado, retornou com força total. Os japoneses - que se recuperaram das dolorosas perdas da Segunda Guerra Mundial e atualmente estão aturdindo o mundo produzindo produtos inovadores, baratos e de alta qualidade - estão servindo de alvo perfeito para a artilharia protecionista. Relembrar os mitos da época da guerra virou o passatempo amargo dos protecionistas, que nos alertam sobre esse novo "imperialismo japonês", que é até mesmo "pior do que Pearl Harbor." Só que esse "imperialismo" consiste em vender aos americanos maravilhosos aparelhos de TV, automóveis, microchips, etc., a preços mais do que competitivos em relação às empresas americanas.

Será que essa "enxurrada" de produtos japoneses é realmente uma ameaça que deve ser combatida pelo governo do EUA? Ou seria esse novo Japão uma dádiva para os consumidores americanos?
Ao escolhermos nosso lado nessa questão, devemos antes de tudo reconhecer que toda a ação do governo significa coerção, de tal maneira que pedir ao governo dos EUA que intervenha significa incitá-lo a usar força e violência para restringir um comércio pacífico. Confia-se que os protecionistas não estão dispostos a levar a lógica da força ao paroxismo, na forma de um outro Hiroshima e Nagasaki.
Fique de Olho no Consumidor
Ao destrincharmos todo o imbróglio que é o argumento protecionista, devemos ter em mente duas coisas: (1) protecionismo significa o uso da força para restringir as trocas; e (2) o que interessa é o que acontece ao consumidor. Invariavelmente, vamos perceber que os protecionistas estão aí para arruinar, explorar e impor severas perdas não apenas aos consumidores estrangeiros, mas especialmente aos americanos. E já que cada um de nós é um consumidor, isso significa que o protecionismo está aí para espoliar a nós todos em benefício de alguns poucos privilegiados, subsidiados e - principalmente - incompetentes: pessoas essas que não conseguiriam se estabelecer em um mercado livre e totalmente desimpedido.
Peguemos, por exemplo, a alegada ameaça japonesa. Toda a troca é mutuamente benéfica para ambos os lados - nesse caso, os produtores japoneses e os consumidores americanos -, pois, caso contrário, essas trocas não ocorreriam. Ao tentar impedir essas trocas, os protecionistas estão tentando evitar que os consumidores americanos desfrutem de um melhor padrão de vida ao comprarem produtos japoneses baratos e de alta qualidade. Ao invés disso, somos forçados pelo governo a recorrer aos produtos ineficientes e mais caros que já havíamos rejeitado. Ou seja: produtores ineficientes estão tentando privar todos nós dos produtos que desejamos, de tal forma que tenhamos que recorrer a suas empresas ineficientes. Os consumidores americanos devem ser pilhados.
Uma Outra Visão das Tarifas e Cotas
A melhor maneira de entender as tarifas ou as cotas de importação ou quaisquer outras medidas protecionistas é ignorar as fronteiras políticas dos países. As fronteiras entre as nações podem ser importantes para outras razões, mas elas não têm qualquer significado político. Suponhamos, por exemplo, que cada estado dos EUA fosse uma nação. Certamente ouviríamos várias lamúrias protecionistas das quais felizmente estamos poupados agora. Mas imagine a gritaria que haveria dos fabricantes têxteis de Nova York ou Rhode Island - que cobram um preço mais alto - contra a competição "injusta" e a "mão-de-obra barata" dos países "estrangeiros" Tennessee e Carolina do Norte. Ou vice-versa.
Felizmente, o absurdo de se preocupar com o balanço de pagamentos se torna evidente quando nos focamos no comércio intra-estados. Ninguém se preocupa com o balanço de pagamentos entre Nova York e Nova Jersey, ou entre Manhattan e o Brooklyn, porque não existem agentes da alfândega monitorando tais trocas e, portanto, fazendo tais balanços.
Se pensarmos a respeito, fica claro que um pedido de tarifas por parte das empresas de Nova York contra a Carolina do Norte é puramente uma extorsão dos consumidores de Nova York (bem como dos da Carolina do Norte), um privilégio especial e descarado para as empresas menos eficientes. Se os 50 estados fossem nações separadas, os protecionistas estariam aptos a usar os adornos do patriotismo e da desconfiança dos estrangeiros como camuflagem para poder pilhar os consumidores de sua própria região.
Felizmente, tarifas intra-estaduais são inconstitucionais. Mas mesmo sem essa barreira, e mesmo sem poderem se enrolar no manto do nacionalismo, os protecionistas têm conseguido impor tarifas intra-estaduais sob um outro disfarce. Parte do esforço de se aumentar continuamente o salário mínimo federal é para impor um aparato protecionista contra a Carolina do Norte e outros estados do sul - que têm baixos salários e baixo custo de mão-de-obra. Nesse caso, os grandes interessados nessa barreira protecionista são seus competidores na Nova Inglaterra e no estado de Nova York.
Por exemplo, em 1966, durante a batalha no Congresso pelo aumento do salário mínimo federal, o falecido senador Jacob Javits (R-NY) admitiu abertamente que uma de suas principais razões para apoiar esse aumento era prejudicar os concorrentes sulistas da indústria têxtil de Nova York. Já que os salários no sul são geralmente menores que no norte, as empresas que seriam mais fortemente abaladas por um aumento no salário mínimo (e cujos trabalhadores sofreriam um maior aumento no desemprego) estariam localizadas no sul.
Um outro jeito que tem sido utilizado para impor restrições no comércio entre os estados ganhou o elegante nome de "segurança". No estado de Nova York, por exemplo, produtores de leite organizaram um cartel bem sucedido, com o apóio do governo do estado, para impedir a importação de leite do estado vizinho de Nova Jersey. O motivo patentemente espúrio seria o de que a viagem através do Hudson tornaria o leite de Nova Jersey "inseguro."
Se tarifas e restrições são coisas boas para um país, então por que não seriam para um estado ou região? O princípio é precisamente o mesmo. Na primeira grande depressão americana, o Pânico de 1819, Detroit era uma diminuta cidade fronteiriça com apenas algumas centenas de pessoas. Ainda assim, houve choradeiras protecionistas - felizmente não obedecidas - para se proibir todas as "importações" de fora de Detroit. Os cidadãos foram incitados a comprar apenas produtos de Detroit. Se essa tolice tivesse sido posta em prática, a fome generalizada e o alto índice de mortalidade resultantes teriam liquidado todos os outros problemas econômicos dos cidadãos de Detroit.
Então por que não restringir e até mesmo proibir o comércio, ou seja, as "importações", para uma cidade, ou para uma vizinhança, ou mesmo para um quarteirão, ou, para resumir tudo à conclusão lógica, para uma família? Por que a família Jones não deveria expedir um decreto dizendo que, de agora em diante, nenhum membro da família pode comprar quaisquer bens ou serviços produzidos fora de casa? A fome rapidamente aniquilaria essa ridícula tentativa de auto-suficiência.
E ainda assim devemos perceber que toda essa absurdidade é inerente à lógica do protecionismo. O protecionismo padrão é tão insensato quanto, mas a retórica do nacionalismo e das fronteiras nacionais tem sido capaz de obscurecer esse fato vital.
O resultado final é que o protecionismo não é apenas uma tolice, mas uma tolice perigosa, destruidora de toda a prosperidade econômica. Nós não somos, e creio que nunca fomos, um mundo de fazendeiros auto-suficientes. A economia de mercado é uma vasta rede entrelaçada pelo mundo afora, na qual cada indivíduo, cada região, cada país, produz aquilo que ele faz melhor, com maior eficiência relativa, e então troca esse produto pelos bens e serviços de outros. Sem a divisão do trabalho e o comércio baseado nessa divisão, o mundo inteiro iria passar fome. Restrições coercivas nas trocas - tais como o protecionismo - mutilam, dificultam e destroem o comércio, que é a fonte de vida e prosperidade. O protecionismo é simplesmente um pretexto para que consumidores, bem como a prosperidade geral, sejam prejudicados apenas para garantir privilégios especiais e permanentes para um grupo menos eficiente de produtores, às custas de empresas mais competentes e às custas dos próprios consumidores. Mas é também um tipo de salva-guarda peculiarmente destruidor, porque ele permanentemente amarra o comércio, sob o manto do patriotismo.
A Estrada de Ferro Negativa
O protecionismo também é peculiarmente destrutivo porque ele gera um coercivo e artificial aumento no custo do transporte entre regiões. Um dos grandes resultados da Revolução Industrial, uma das maneiras em que ela trouxe prosperidade para as massas famintas, foi a redução drástica do custo do transporte. O desenvolvimento das estradas de ferro no início do século XIX, por exemplo, significou que, pela primeira vez na história da raça humana, bens poderiam ser transportados pela terra de maneira barata. Antes disso, as águas - rios e oceanos - eram o único meio de transporte economicamente viável. Ao tornarem o transporte terrestre acessível e barato, as estradas de ferro permitiram que o transporte terrestre inter-regional quebrasse os custosos e ineficientes monopólios locais. O resultado foi uma grande melhora no padrão de vida de todos os consumidores. E, apesar disso, o que os protecionistas querem fazer é descer o machado nessa extraordinária ferramenta de progresso.
Não é à toa que Frederic Bastiat, o grande economista laissez-faire francês de meados do século XIX, chamou as tarifas de "estradas de ferro negativas." Protecionistas são tão economicamente destrutivos quanto se estivessem fisicamente fatiando estradas de ferro, ou aviões, ou navios, e nos forçando a retroceder aos custosos transportes do passado - trilhas pelas montanhas, jangadas, ou embarcações à vela.
Comércio "Justo"
Vamos agora considerar alguns dos principais argumentos protecionistas. Tomemos, por exemplo, a reclamação padrão de que, conquanto os protecionistas "prezem a competição", essa competição deve ser "justa." Sempre que alguém começar a falar sobre "competição justa" ou qualquer coisa nesse sentido, fique de olho na sua carteira porque ela está prestes a ser batida. O genuinamente "justo" é simplesmente a troca se dar em termos voluntários, mutuamente acordados entre o vendedor e o comprador. Como a maioria dos escolásticos medievais foi capaz de perceber, não existe um preço "justo" fora do preço de mercado.
Então o que poderia ser "injusto" a respeito do preço de livre-mercado? Uma acusação protecionista comum é a de que é "injusto" para uma empresa americana competir com, digamos, uma empresa taiwanesa que paga apenas a metade dos salários da concorrente americana. O governo dos EUA é então chamado a intervir e "igualar" os salários impondo uma tarifa equivalente sobre os taiwaneses. Mas será que os consumidores nunca poderão desfrutar de empresas de baixo custo porque seria "injusto" elas terem custos mais baixos do que seus concorrentes ineficientes? Esse é o mesmo argumento que seria utilizado por uma empresa de Nova York contra sua concorrente na Carolina do Norte.
O que os protecionistas não se incomodam em explicar é por que os salários nos EUA são muito maiores do que em Taiwan. Eles não são impostos pela Divina Providência. Os salários são altos nos EUA porque os empregadores americanos os elevaram. Como todos os outros preços no mercado, os salários são determinados pela oferta e pela demanda, e a alta demanda por trabalhadores nos EUA fez que com os empregadores elevassem os salários. E o que determina essa demanda? A "produtividade marginal" do trabalhador.
A demanda por qualquer fator de produção, incluindo a mão-de-obra, depende da produtividade daquele fator: a quantidade de receita que aquele trabalhador - ou quilo de cimento, ou acre de terra - vai trazer marginalmente. Quanto mais produtiva for a fábrica, maior será a demanda dos empregadores, e maior será o preço dessa demanda, ou seja, os salários. A mão-de-obra americana é mais cara que a taiwanesa porque ela é bem mais produtiva. O que a torna produtiva? Em boa parte, sua melhor qualidade comparada, habilidade e educação. Mas a maior diferença não se deve às qualidades pessoais dos trabalhadores em si, mas ao fato de que o trabalhador americano, em sua maioria, está munido de mais e melhores equipamentos (bens de capital) do que seus equivalentes taiwaneses. Quanto maior e melhor for o investimento em capital por trabalhador, maior será a produtividade do trabalhador e, portanto, maior será seu salário.
Portanto, se o salário americano é o dobro do taiwanês, é porque o trabalhador americano é mais fortemente capitalizado, é equipado com mais e melhores ferramentas, e, por isso, é duas vezes mais produtivo, na média. De uma certa maneira, eu suponho, é correto considerar que não seja "justo" que o trabalhador americano ganhe mais que o taiwanês, já que o primeiro simplesmente se beneficiou do fato de poupadores e investidores terem-no suprido com mais ferramentas (ignorando aqui suas qualidades pessoais). Mas um salário não é determinado apenas pelas qualidades pessoais, mas também pela escassez relativa, e nos EUA há muito mais escassez de trabalhadores em relação ao capital do que em Taiwan.
Colocando de outra maneira, o fato de os salários americanos serem, na média, duas vezes maiores do que os salários taiwaneses, não significa que o custo da mão-de-obra nos EUA seja o dobro da de Taiwan. Como a mão-de-obra americana é duas vezes mais produtiva, isso significa que o salário americano duplamente maior é compensado pela produtividade também duplamente maior, de tal maneira que o custo da mão-de-obra por unidade produzida tende, na média, a ser o mesmo nos EUA e em Taiwan. Uma grande falácia protecionista é confundir o preço da mão-de-obra (salários) com seu custo, o qual também depende de sua produtividade relativa.
Assim, o problema dos empregadores americanos não é realmente com a "mão-de-obra" barata taiwanesa, uma vez que a "cara mão-de-obra" americana é precisamente o resultado da disputa dos empregadores por essa mão-de-obra, que é escassa. O problema vivido pelas indústrias têxteis e automotivas americanas menos eficientes não advém realmente da mão-de-obra barata em Taiwan ou no Japão, mas, sim, do fato de que outras indústrias americanas são eficientes o suficiente para bancar essa mão-de-obra, elevando os salários a um patamar mais alto.
Então, ao impor tarifas protecionistas e cotas para salvar, ajudar, e manter operando empresas americanas menos eficientes - sejam elas têxteis, automotivas ou de microchips -, os protecionistas não estão apenas lesando o consumidor americano. Eles estão também prejudicando as empresas e indústrias americanas eficientes, as quais são impedidas de empregar recursos que agora estão presos nas empresas incompetentes. Essas empresas eficientes poderiam, se não fosse por isso, se expandir e vender seus eficientes produtos em casa e no exterior.
"Dumping"
Uma outra linha contraditória de ataque protecionista ao livre mercado afirma que o problema não é tanto os baixos custos desfrutados pelas empresas estrangeiras, mas a "injustiça" de elas venderem seus produtos a preços "abaixo dos custos" para os consumidores americanos, praticando, dessa forma, o pernicioso e pecaminoso "dumping." Ao praticar esse dumping, essas empresas podem obter uma vantagem injusta sobre as empresas americanas que presumivelmente nunca fazem tal prática e que sempre se certificam de que seus preços são sempre altos o suficiente para cobrir os custos. Mas se vender abaixo dos custos é uma arma tão poderosa, por que é que tal prática nunca é feita por empresas dentro do país?
Nossa primeira resposta a esse ataque é que, novamente, mantenhamos o olho nos consumidores em geral e nos consumidores americanos em particular. Por que deveríamos reclamar de algo que beneficia os consumidores tão claramente? Suponhamos, por exemplo, que a Sony está a fim de prejudicar suas concorrentes americanas e, assim, ela começa a vender aparelhos de TV por um centavo cada. Não deveríamos nos regozijar com essa absurda política da Sony, de sofrer severos prejuízos simplesmente para subsidiar a nós, consumidores americanos? E a nossa resposta não deveria ser: "Vamos lá, Sony, nos subsidie mais!"? No que se refere ao consumidor, quanto mais "dumping" houver, melhor.
Mas e quanto às pobres empresas americanas que produzem aparelhos de TV, cujas vendas irão sofrer enquanto a Sony estiver praticamente dando seus aparelhos? Bem, certamente, uma política sensata para a RCA, Zenith, etc. seria parar a produção e as vendas até que a Sony fosse à falência. Mas suponhamos que o pior acontecesse, e a RCA, a Zenith, etc. fossem elas próprias levadas à falência pela guerra de preços feita pela Sony. O que aconteceria? Bem, nesse caso, nós consumidores ainda assim estaríamos melhores, já que as plantas das empresas que faliram ainda existiriam e seriam compradas por um preço irrisório em um leilão - e os compradores americanos desse leilão estariam aptos a entrar no ramo de TV e bater a Sony, pois esses novos competidores agora gozam de custos de capital bem mais baixos.
Na verdade, durante décadas os opositores do livre mercado alegaram que muitas empresas ganharam poder no mercado praticando aquilo que chamam de "cortes de preços predatórios", isto é: essas empresas forçariam seus concorrentes menores à falência vendendo produtos abaixo do custo, e, logo em seguida, colheriam a recompensa desse método injusto aumentando seus preços e, assim, cobrando "preços de monopólio" dos consumidores. A alegação é que mesmo que os consumidores tenham algum benefício no curto prazo - com guerras de preços, "dumping", e vendas abaixo dos custos -, eles perderiam no longo prazo com esse alegado monopólio. Mas, como temos visto, a teoria econômica mostra que isso seria um empreendimento inútil, onde essas empresas praticantes de "dumping" perderiam dinheiro e nunca atingiriam o preço de monopólio. Além disso, uma investigação histórica não encontrou um único caso em que preços predatórios, quando tentados, foram bem sucedidos. Na verdade, há poucos casos em que eles realmente foram tentados.
Outra acusação diz que empresas japonesas e outras estrangeiras têm condições de fazer "dumping" porque seus governos estão dispostos a subsidiar seus prejuízos. Mas, novamente, deveríamos ainda assim dar boas vindas a tal absurda política. Se o governo japonês está realmente disposto a gastar escassos recursos subsidiando as compras dos consumidores americanos de aparelhos da Sony, quanto mais, melhor! Essa política seria tão auto-destrutiva para as empresas japonesas, que seria como se suas perdas fossem privadas.
Há ainda um outro problema com a acusação de "dumping", mesmo quando esta é feita por economistas ou outros "experts" alocados em comissões tarifárias independentes ou escritórios governamentais. Não há maneira alguma de observadores de fora - sejam eles economistas, executivos ou outros peritos - decidirem quais podem ser os "custos" de outras empresas. "Custos" não são entidades objetivas que podem ser aferidas ou mensuradas. Custos são subjetivos ao próprio executivo, e eles variam continuamente, dependendo de qual o horizonte temporal do executivo, ou o estágio de produção ou o processo de venda com o qual ele esteja lidando em um dado momento.
Suponhamos, por exemplo, que um negociante de frutas comprou uma caixa de pêras por $20, ao preço de $1 o quilo. Ele espera conseguir vender essas peras por $1,50 o quilo. Mas se algo acontecer ao mercado de pêras, e ele descobrir que é impossível vender a maioria das pêras por qualquer valor perto daquele preço, ele vai perceber que terá que vendê-las pelo preço que conseguir antes que elas apodreçam. Agora suponha que ele descubra que só poderá vender seu estoque de pêras por $0.70 o quilo. O observador de fora poderá dizer que o fruteiro praticou "preços predatórios", vendendo "injustamente" suas pêras a preços "abaixo dos custos," imaginando que os custos do fruteiro foram de $1 o quilo.
Indústria "Infante"
Outra falácia protecionista diz que o governo deveria garantir uma tarifa protecionista temporária para ajudar, ou mesmo criar, uma "indústria infante." E então, quando a indústria estivesse bem estabelecida, o governo iria, e deveria, remover a tarifa e jogar a agora "amadurecida" indústria para o mundo competitivo.
A teoria é falaciosa, e essa política já se provou desastrosa na prática. Além do mais, a necessidade que haveria para o governo proteger essa nova e jovem indústria da competição estrangeira deveria ser a mesma para protegê-la da competição doméstica.
Nas décadas recentes, as indústrias "infantes" de plástico, televisão e computadores se saíram muito bem sem tal proteção. Qualquer subsídio governamental para uma nova indústria vai canalizar muito mais recursos para essa indústria em relação às empresas mais velhas, e também vai inaugurar distorções que podem persistir e deixar a empresa ou a indústria permanentemente ineficiente e vulnerável para a concorrência. Como resultado, essas tarifas para proteger a "indústria infante" tendem a se tornar permanentes, independentemente da "maturidade" da indústria. Os proponentes dessas tarifas se deixaram enganar por uma analogia biológica, pensando que elas são "infantes" que precisam de cuidados adultos. Mas uma empresa não é uma pessoa, nem nova, nem velha.
Indústrias Mais Velhas
Também é verdade que, em anos recentes, indústrias mais velhas que são notoriamente ineficientes começaram a usar o que pode ser chamado de argumento para proteção da "indústria senil." Siderúrgicas, automotivas e outras indústrias sem competitividade têm reclamado que precisam de "espaço para respirar" para poderem se re-equipar e se tornarem competitivas contra suas rivais estrangeiras. Segundo elas, esse espaço para respiração pode ser providenciado com vários anos de tarifas e cotas de importação. Esse argumento é tão cheio de furos quanto a abordagem da indústria infante, exceto pelo fato de que será muito mais difícil determinar quando é que a indústria senil terá magicamente rejuvenescido. De fato, a indústria siderúrgica tem sido ineficiente desde sua concepção, e sua idade cronológica não parece ter feito diferença. O primeiro movimento protecionista nos EUA foi lançado em 1820, liderado pela indústria de ferro (que depois se tornou ferro e aço) da Pensilvânia. Essa indústria foi artificialmente alimentada pela Guerra de 1812 e, em 1820, já se encontrava em grave perigo frente os concorrentes estrangeiros bem mais eficientes.
O Problema Inexistente do Balanço de Pagamentos
O conjunto final de argumentos, ou alarmes, está centrado nos mistérios do balanço de pagamentos. Protecionistas se concentram no horror que seria se as importações superassem as exportações, insinuando que se as forças de mercado continuarem desimpedidas, os americanos podem acabar comprando tudo de fora, e sem vender nada aos estrangeiros, de tal maneira que os americanos teriam se fartado a si próprios, às custas da permanente ruína das empresas americanas. Mas se as exportações realmente caíssem para perto de zero, onde os americanos iriam achar dinheiro para comprar bens estrangeiros? Como dissemos antes, o balanço de pagamentos é um pseudo-problema criado pela existência de estatísticas alfandegárias.
Durante a era do padrão-ouro, um déficit no balanço de pagamentos nacional era um problema, mas somente devido ao fato de os bancos praticarem o sistema de reservas fracionárias. Se os bancos americanos, estimulados pelo Fed ou por formas anteriores de bancos centrais, inflassem a moeda e o crédito, essa inflação americana levaria a preços mais altos nos EUA, e isso desestimularia as exportações e estimularia as importações. O déficit resultante teria que ser pago de alguma maneira, e durante a era do padrão-ouro isso significava que ele seria pago em ouro, a moeda internacional. Então, assim que o crédito bancário se expandisse, ouro começava a fluir para fora do país, o que debilitava ainda mais a situação dos bancos que operavam com reservas fracionárias. Para contornar essa ameaça à sua solvência trazida por essa saída de ouro, os bancos eventualmente eram forçados a contrair o crédito, precipitando uma recessão e revertendo o déficit do balanço de pagamentos, trazendo assim o ouro de volta para o país.
Mas atualmente, na era do papel-moeda (dinheiro fiduciário), déficits no balanço de pagamentos são verdadeiramente sem significado, pois o ouro já não mais é um "item de equilíbrio." Na verdade, não existe déficit no balanço de pagamentos. É verdade que, nos últimos anos, as importações foram mais altas que as exportações em aproximadamente $150 bilhões por ano. Mas nenhum ouro saiu do país por causa disso. Nem mesmo dólares "vazaram" para fora. O alegado "déficit" foi pago por estrangeiros investindo essa mesma quantia de dólares americanos: em imóveis, bens de capital, títulos e contas bancárias.
E, na realidade, nos últimos anos, estrangeiros têm investido boa parte de seus fundos em dólares para manter a cotação do dólar alta, permitindo assim que nós efetuemos importações mais baratas. Ao invés de nos preocuparmos e reclamarmos desse acontecimento, deveríamos nos regozijar com o fato de que os investidores estrangeiros estão dispostos a financiar nossas importações baratas. O único problema é que essa bonança já está chegando ao fim, com o dólar se desvalorizando e as exportações ficando mais caras.
Concluímos assim que todo o molho de argumentos protecionistas, à primeira vista muito plausível, é na verdade um tecido de falácias conspícuas. Esses argumentos mostram uma completa ignorância da mais básica teoria econômica. Na verdade, alguns dos argumentos são quase que réplicas constrangedoras das alegações mais ridículas do mercantilismo do século XVII: por exemplo, dizer que, de alguma maneira, é um problema calamitoso que os EUA tenham um déficit na balança comercial, não no geral, mas com apenas um país em especial - por exemplo, o Japão.
Será que devemos reaprender as réplicas dos mais sofisticados mercantilistas do século XVIII? Mais especificamente, aquelas que dizem que balanças com países individuais vão se cancelar mutuamente, e que, assim sendo, devemos nos preocupar apenas com o balanço geral? (Sem falar que devemos entender que o balanço geral também não será problema algum). Mas não precisamos reler a literatura econômica para perceber que o ímpeto protecionista não vem de teorias econômicas insensatas, mas, sim, da busca por privilégios especiais e coercivos e da restrição do comércio às custas dos competidores mais eficientes e dos consumidores. No exército daqueles que têm interesse especial em usar o processo político para reprimir e saquear o resto de nós, os protecionistas estão entre os mais veneráveis. Já passou da hora de tirarmos essas criaturas das nossas costas de uma vez por todas, e então tratá-los com a indignação adequada que eles tão fartamente merecem.
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Murray N. Rothbard (1926-1995) foi professor de economia da University of Nevada, Las Vegas e vice-presidente de assuntos acadêmicos do Ludwig von Mises Institute.

Tradução de Leandro Augusto Gomes Roque

A tese do esfriamento global

Amigos, mais material do Fórum da Liberdade. Em um dos debates, Luiz Carlos Baldicero Molion contrapôs a tese de que o mundo está esquentando e vai ser uma catástrofe, que foi defendida por Philip Fearnside, do IPCC. Os argumentos do IPCC são aqueles do filme de Al Gore. Os do esfriamento global, e de que o aquecimento vivenciado até 1999 não é causado pela ação humana, estão longe da mídia. Em um dos melhores momentos da apresentação, Molion mostrou diferentes capas da revista Time, ao longo do século XX, dizendo que o mundo estava esquentando, na década de 30, depois esfriando, nos anos 70, e agora esquentando de novo.
Abaixo, o que diz Molion, em matéria que fiz para o Jornal do Commercio (PE):


O risco de aquecimento global não é um consenso entre os cientistas e existe uma corrente que diz que o planeta vai esfriar nos próximos anos, mas o movimento faz parte do ciclo natural da terra
Renato Lima
PORTO ALEGRE – Muito já se falou sobre os potenciais malefícios de um aquecimento global, como perdas agrícolas e inundações em áreas urbanas. Mas essas previsões estão longe de ser um consenso, pelo menos no setor acadêmico, e há uma linha que defende exatamente o contrário: o mundo vai é esfriar nos próximos anos. E, quente ou frio, a culpa não é do homem, mas dos ciclos naturais do planeta terra.
O professor Luiz Carlos Baldicero Molion, diretor do Instituto de Ciências Atmosféricas da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), não mede palavras para atacar o que chama de fraude científica. “Eu falo com base em dados observados e eles em suposições. E isso criou uma histeria”, afirma. Do seu time fazem parte pesos pesados como José Carlos Azevedo, PhD em física nuclear pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) e ex-reitor da Universidade de Brasília, e Fernando de Mendonça, PhD pela Universidade de Stanford e fundador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Molion participou de um painel sobre a questão climática durante o Fórum da Liberdade, em Porto Alegre, que normalmente debate temas políticos e econômicos.
Definitivamente, o clima entrou para a pauta econômica. O alarme contra um futuro aquecimento é tão grande que, em 2006, Nicholas Stern, então chefe do serviço econômico do Reino Unido, calculava as perdas pelo suposto aquecimento em até US$ 7 trilhões, variando de 5% a 20% do PIB mundial.
Primeiro de tudo, lembra Molion, é preciso distinguir a importância do conservacionismo das mudanças climáticas. “Conservar o planeta é importante para o futuro das gerações. Ter um ar limpo, rios não poluídos e florestas em pé. Mas isso não se mistura com a discussão do clima global. Aqueça ou esfrie, é preciso conservação”, diz.
Um dos principais indicadores do clima, a temperatura do Oceano Pacífico, está caminhando para o esfriamento, o que se refletirá, acredita, no clima global dentro de 20 anos. “Estamos num período de transição. O Oceano Pacífico é um grande controlador do clima global, pois ele ocupa 35% da superfície terrestre”, diz. Quando este oceano estava quente, como nos períodos de 1925 a 1946 e 1977 a 1998, o clima também aumentou. Já o período frio, de 1947 a 1976, coincidiu com o Pacífico também frio. “A partir de 1999, o Pacífico começou a dar sinais de que está esfriando. Obviamente isso é lento, passa por um período de transição”, afirma. O aquecimento que foi vivenciado tem origem não na atividade humana, mas em ciclos naturais como o aumento da atividade solar, defende.
Para ele, os habitantes da beira-mar de Boa Viagem ou de Maceió não têm com que se preocupar com o alegado aumento de 60 centímetros (cm) no nível das marés. “O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) não faz previsões. Ele faz projeções de cenários. De tal forma que esse aumento de 20 cm a 60 cm no nível dos mares é um mero exercício acadêmico que não vai ocorrer”, diz. O cientista questiona, do IPCC, as medições e os modelos. Molion estará no Recife no próximo dia 20 de maio, em debate na UFPE.Entrevista: Luiz Carlos Baldicero MolionPublicado em 11.04.2008, às 22h33O cientista Luiz Carlos Baldicero Molion, diretor do Instituto de Ciências Atmosféricas da Universidade Federal de Alagoas, sabe que sua posição está na contramão dos debates sobre clima global. Mas reage citando argumentos e disposição para o confronto científico. Ele é membro do Grupo Gestor da Comissão de Climatologia da Organização Metereológica Mundial, como representante da América do Sul. Graduado em Física pela USP, doutor em Metereologia e Proteção Ambiental pela Universidade de Wisconsin, EUA. Nesta entrevista ao Jornal do Commercio, Molion afirma que não é o homem que muda o clima (seja para aquecer ou esfriar), diz que o CO² não pode ser visto como venenoso e ainda classifica o Protocolo de Kyoto como ridículo.Jornal do Commercio - Para onde caminha o clima?Luiz Carlos Baldicero Molion - Se eu tivesse que apostar, certamente eu diria que é muito mais provável que tenhamos um resfriamento do que aquecimento nos próximos 20 anos. O Oceano Pacífico é um grande controlador do clima global. Ele ocupa 35% da superfície terrestre. E nós sabemos que a atmosfera é aquecida por debaixo. As mudanças climáticas que ocorreram no século XX coincidem com o clima do Pacífico. De 1925 a 1946 e depois de 1977 a 1998, períodos quentes, coincide com o Pacífico Tropical também quente. E o resfriamento que ocorreu entre 1947 a 1976 coincidiu com o período em que o Pacífico Tropical esteve frio. Então o pacífico é um grande controlador. E a partir de 1999 o Pacífico começou a dar sinais de que está esfriando. Obviamente isso é lento, passa por um período de transição.
JC - E quando começa essa transição?Molion - Pode já ter começado. O inverno no Brasil no ano passado já foi severo. Nas Serras Gaúchas as temperaturas já chegaram a 5º abaixo de zero. E o inverno tem sido rigoroso também no Hemisfério Norte, que desde dezembro do ano passado até abril deste ano está sofrendo conseqüências de um inverno severo, com recordes de acúmulo de neve. São temperaturas baixas no Canadá, inferiores a 50º abaixo de zero, a 60º abaixo de zero na Sibéria. E o inverno rigoroso na China, em que mais de 200 milhões de chineses estavam sem ter o que comer por conta do inverno.
JC - E o que causou o recente aquecimento?Molion - Parte do aquecimento é do sol, pela variação natural da produção de energia. E parte também vem do fato de que muito desses termômetros que são usados para medir as temperaturas estão hoje em grandes cidades. Na década de 60 havia 14 mil estações medindo temperatura na terra. Hoje tem menos de 2.000. E essas reduções foram feitas em locais de difícil acesso. Por exemplo, a Rússia fechou muitas estações na Sibéria, que tem zonas frias. E muitas estações foram fechadas nas zonas rurais, devido a dificuldades de manter essas estações. As zonas rurais registram temperaturas de 2º a 5º mais baixas do que as temperaturas urbanas.
JC – A gente está detectando uma sensação térmica urbana mais quente, por ter menos árvores e ser mais urbanizado, mas não o clima global?Molion – Isso. Basta comparar com os dados de satélite, em que as temperaturas medidas abrangem áreas maiores. A tendência nos últimos anos é de 0,12º por década, dentro da variabilidade natural do clima. Jamais poderíamos atribuir esse aumento que houve às atividades humanas. O aquecimento global não é antropogênico, ele não é produzido pelo homem.
JC - A proporção que o homem produz de CO² não seria suficiente?Molion - Certamente que não. Estima-se que os fluxos globais de carbono entre oceano, solo, vegetação e atmosfera seja da ordem de 200 bilhões de toneladas por ano. Como são estimativas, admite-se facilmente que tenha um erro de 10% nisso. Estamos falando de 20 bilhões. Vinte bilhões é 3 vezes mais do que o homem coloca na atmosfera hoje, que é de 6 bilhões. E 20 bilhões é 70 vezes maior do que o que o Protocolo de Kyoto se propõe a reduzir, que é apenas 0,3 bilhão. Quer dizer, o Protocolo de Kyoto é ridículo. Pode ser muito bom para a recuperação ambiental, mas do ponto de vista de efeito estufa, diminuição e controle do CO², o Protocolo de Kyoto é ridículo.
JC – Como a ciência, que busca uma verdade objetiva, pode divergir tanto neste momento, neste assunto?Molion – Não sei. Talvez haja interesses por detrás disso. Interesses econômicos envolvidos. Talvez alguns cientistas aproveitem da situação. Alguns que discordam também não falam, temem que seus projetos sejam cortados, seus empregos perdidos. Enfim, parece haver uma série de razões que levaram a adoção dessa hipótese do aquecimento global antropogênico ganhar um corpo tão grande. A comunicação hoje é muito fácil e o homem gosta mais de catastrofismo do que outra coisa. Existe interesses, não é questão de divergência. Os defensores do aquecimento global se baseiam em argumentos que não têm base científica sólida. Mas como eles fazem isso? Muito simples: a verba para o estudo climático nos EUA era, há 10 anos, US$ 600 milhões. Hoje passa de US$ 4 bilhões. Qualquer projetinho que venha lá dizendo que isso pode ajudar a entender o aquecimento global antropogênico recebe o seu dinheiro. Pode haver interesse das próprias companhias de petróleo. Sabendo que o petróleo vai terminar a curto prazo, 20, 30 anos, então se diminuir o consumo agora estica o domínio deles e permite até elevar o preço acima de US$ 110 o barril. E pode haver até outros interesses dos próprios políticos, de ver nisso uma oportunidade de colocar mais um imposto, mais uma taxinha.
JC – Então quem mora na beira-mar de Boa Viagem, de Maceió e do Rio de Janeiro não precisa se preocupar de que vai ficar sob água?Molion – Essas projeções de que o nível do mar vai subir de 20cm a 60cm são baseadas em cenários hipotéticos que jamais vão ocorrer. São resultados de modelos de simulação de clima que não são adequados para fazer previsão nenhuma. Na realidade, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, o IPCC, não faz previsões. Ele faz projeções de cenários. De tal forma que esse aumento de 20cm a 60cm no nível dos mares é um mero exercício acadêmico. O que ocorreu nos últimos 100 anos foi que este nível subiu cerca de 13cm, mas existem muitas outras causas geológicas, como o movimento de placas tectônicas, do que certamente o ser humano. O ser humano é muito pequenininho em comparação com as forças naturais. Basta dizer que 71% da superfície terrestre é coberta por oceanos e 29% são continentes. Dos 29% de continentes, 15% são terras geladas, gelo e areia, desertos. Resta então ao homem apenas 14% para ele manipular. Desses 14%, metade é coberto por florestas naturais. O homem só opera em 7% da superfície terrestre. Não é possível que nesses 7% ele vá mudar o globo todo. Repito: não confundir conservação ambiental com mudança climática. A conservação é uma necessidade da espécie humana. E o CO² não tem nada a ver com mudança climática. Não confundir CO² com poluição. Quanto mais CO² na atmosfera, mais as plantas produzem.

Os Pilares do Nazismo


Rodrigo Constantino

“Deve ser sempre enfatizado que o nacionalismo econômico é um corolário do estatismo, seja o intervencionismo ou o socialismo.” (Mises)

Muitos historiadores tentaram explicar o surgimento do nazismo de diferentes formas. O enfoque do economista Mises, no entanto, é bastante peculiar, pois mostra como o nazismo foi um filhote da mentalidade estatizante que dominou o mundo na época, e a Alemanha em particular. O prisma econômico de Mises permite uma abordagem transparente, que desfaz uma das maiores inversões já criadas na história: a idéia de que o nazismo é de “direita” e, portanto, oposto ao socialismo e mais próximo do capitalismo. Socialismo, afinal, trata de um sistema econômico de organização da sociedade, defendendo meios públicos de produção, contra o pilar do capitalismo, que é a propriedade privada. Analisando por este ângulo, fica evidente a proximidade entre nazismo e socialismo, ambos totalmente opostos ao capitalismo de livre mercado.

Quando se fala em nazismo, o anti-semitismo é uma das primeiras características que vem à mente. Mises mostra, no entanto, que esse ódio racial foi apenas um pretexto utilizado pelos nazistas, transformando os judeus em bodes expiatórios. Era impossível diferenciar antropologicamente alemães judeus dos não-judeus. Não existem características raciais exclusivamente judaicas, e o “arianismo” não passava de uma ilusão. As leis nazistas de discriminação contra os judeus não tinham ligação com considerações da raça em si. Eles se uniram aos italianos e japoneses, sem ligação alguma com a “supremacia racial nórdica”, enquanto desprezavam os nórdicos que não simpatizavam com seus planos de domínio mundial. Tantas contradições não incomodavam os “arianos”, pois o racismo não era a causa do movimento, e sim um meio político para seus fins.

Tudo aquilo que representava um empecilho no caminho do poder total era considerado “judeu” pelos nazistas. Apesar de os nacionalistas alemães considerarem o bolchevismo uma criação judaica, isso não os impediu de cooperar com os comunistas alemães contra a República de Weimar, ou de treinar seus guardas de elite nos campos de artilharia e aviação russos entre 1923 e 1933. Também não os impediu de costurar um acordo de cumplicidade política e militar com a União Soviética entre 1939 e 1941. Mesmo assim, a opinião pública defende que o nazismo e o bolchevismo são filosofias implacavelmente opostas. O simples fato de que os dois grupos lutaram um contra o outro não prova que suas filosofias e princípios sejam diferentes. Sempre existiram guerras entre pessoas do mesmo credo ou filosofia. Se a meta for a mesma – o poder – então será natural uma colisão entre ambos. O rei Charles V disse uma vez que estava em pleno acordo com seu primo, o rei da França, pois ambos lutavam contra o outro pelo mesmo objetivo: Milão. Hitler e Stalin miravam no mesmo alvo. Ambos desejavam governar a Polônia, a Ucrânia e os estados bálticos. Além disso, disputavam o mesmo tipo de mentalidade, aqueles desesperados que estão dispostos a sacrificar a liberdade em prol de alguma promessa de segurança. Nada mais normal do que um bater de frente com o outro, quando sustentar o acordo mútuo ficou complicado demais. Não devemos esquecer que os socialistas de diferentes credos sempre lutaram uns contra os outros, e isso não os torna menos socialistas. Stalin não virou menos socialista porque brigou com Trotsky.

Os bolcheviques partiram na frente em termos de conquista de poder, e o sucesso militar de Lênin encorajou tanto Mussolini como Hitler. O fascismo italiano e o nazismo alemão adotaram os métodos políticos da União Soviética. Eles importaram da Rússia o sistema de partido único, a posição privilegiada da polícia secreta, a organização de partidos aliados no exterior para lutar contra seus governos locais e praticar sabotagem e espionagem, a execução e prisão os adversários políticos, os campos de concentração, a punição aos familiares de exilados e os métodos de propaganda. Como Mises disse, a questão não é em quais aspectos ambos os sistemas são parecidos, mas sim em quais eles diferem. O nazismo não rejeita o marxismo porque sua meta é o socialismo, e sim porque ele advoga o internacionalismo. Ambos são anticapitalistas e antiliberais, delegando todo o poder ao governo centralizado e planejador. No nazismo, a propriedade privada não foi abolida de jure, mas foi de facto, e os empresários eram nada mais do que “gerentes administrativos”, obedecendo a ordens do governo, que decidia sobre tudo, incluindo alocação de capital e preços exercidos.

Os judeus foram vítimas dos nazistas basicamente por representarem uma minoria que pode ser legalmente definida em termos precisos, o que era tentador numa era de intervencionismo estatal. Os nazistas souberam explorar isso usando os judeus como bodes expiatórios para os males criados pelo sistema econômico inadequado. Existiam aqueles que tentavam justificar o anti-semitismo denunciando os judeus como capitalistas, e existiam outros que culpavam os judeus pelo comunismo. As acusações contraditórias cancelam uma a outra. Com a derrota na primeira Guerra Mundial, o nacionalismo alemão conseguiu sobreviver arrumando um culpado para o fracasso. Os nacionalistas insistiram que eram invencíveis, mas alegaram terem sido sabotados pelos judeus. Se estes fossem eliminados, a vitória seria certa. O uso dessa minoria como bode expiatório serviu para a concentração de poder doméstico, assim como para o apoio de muitos no exterior, pois onde quer que houvesse alguém interessado em se livrar de um competidor judeu, lá poderia estar um apoio ao nazismo. De fato, não foi pequeno o apoio inicial que os nazistas receberam de fora. A humanidade pagou um elevado preço pelo anti-semitismo. Na União Soviética, os pequenos proprietários, os kulaks, exerceram esse papel de minoria culpada pelos males econômicos. Na essência, a tática é a mesma.

Os comunistas alemães abriram o caminho para o nazismo, ajudando a enterrar de vez o liberalismo no país. Os comunistas estavam ansiosos para tomar o poder através da violência. No começo de 1919, eles partiram para batalhas nas ruas de Berlim e conseguiram o controle de boa parte da capital. No final de 1918, a grande maioria da nação estava preparada para defender um governo democrático, segundo Mises. Mas esse choque criado pelos comunistas e marxistas, que se declararam a favor da ditadura do proletariado rejeitando a democracia, gerou enorme descrença no povo. Os alemães ficaram desiludidos com a democracia, sentindo-se enganados, como se o apelo pela democracia fosse apenas um meio de conquistar os tolos. Democracia passou a ser sinônimo de fraude. Os nacionalistas foram rápidos em aproveitar essa mudança de mentalidade. Os métodos marxistas foram usados pelos nacionalistas, que haviam lido Lênin e Bukharin. Um plano para a tomada do poder tinha sido traçado. Em 1919, a escolha política alemã era entre o totalitarismo bolchevique, sob a ditadura de Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, ou o parlamentarismo. No entanto, os comunistas, apesar de minoria, não estavam dispostos a aceitar a decisão democrática, e o único meio de detê-los era o uso da força. A intervenção militar dos nacionalistas foi vista como única saída por muitos alemães. Os nazistas chegaram ao poder graças à ameaça comunista. Ambos disputavam os mesmos adeptos, já que o liberalismo não era mais uma alternativa após tanta idolatria ao estado.*

É verdade que Hitler conseguiu subsídios das grandes empresas na primeira fase de sua carreira política. Mas ele tomou esse dinheiro como um rei toma o tributo de seus súditos. Se os empresários negassem o que era demandado, Hitler teria os sabotado ou mesmo usado violência. Os empresários preferiram ser reduzidos ao papel de gerentes administrativos sob o nazismo a ser liquidados pelo comunismo no estilo soviético. Não havia uma terceira opção naquele contexto. Tanto a força como o dinheiro eram impotentes contra as idéias, e estas apontavam na direção da estatização da economia. O próprio Hitler concluiu que não era necessário socializar os meios de produção oficialmente. Ele havia socializado os homens! Os empresários alemães contribuíram com parte do avanço nazista, assim como várias outras camadas da nação, incluindo as igrejas, tanto a católica como a protestante. O lamentável fato é que a maioria do povo alemão abraçou o nacional-socialismo.

O cenário catastrófico da economia foi crucial para criar um terreno fértil ao nazismo. Mas o fato de existir uma doença não explica, por si só, a busca por um determinado remédio. Esse remédio é procurado porque o doente acredita que ele pode curá-lo. Logo, o caos econômico na Alemanha só levou ao nazismo porque muitos passaram a acreditar que este era o caminho da salvação. E isso foi uma conseqüência das idéias estatizantes, mercantilistas, que espalharam a falácia de que mais espaço físico e recursos naturais deveriam ser conquistados pelos alemães para garantir o suprimento doméstico e a retomada do crescimento. A inflação que devastou a economia não era vista como resultado das políticas do governo, mas sim como um problema do capitalismo internacional. A mentalidade de guerra, que encara o comércio entre nações como um jogo de perde e ganha, foi fundamental para o crescimento nazista. Poucos compreendiam as vantagens do livre comércio, da divisão internacional de trabalho. Para os males causados pelo intervencionismo estatal, mais estado foi proposto como solução. A ignorância econômica da grande maioria dos alemães foi o que permitiu o avanço do nacionalismo-socialista radical.

Os aspectos fundamentais da ideologia nazista não diferem daqueles geralmente aceitos pelas demais ideologias estatizantes. O controle da economia deve ser estatal. O lucro é visto com enorme desdém. O planejamento centralizado é uma panacéia para os males econômicos. As importações são encaradas como uma invasão estrangeira negativa. O individualismo deve ser duramente combatido em prol do coletivismo. Eis o arcabouço ideológico que possibilitou a conquista do poder pelos nazistas, que derrubaram os concorrentes estatizantes porque estavam dispostos a defender até as últimas conseqüências esta mentalidade. Os pilares do nazismo foram erguidos sobre a mentalidade estatizante da época. A idolatria ao estado e a desconfiança em relação ao livre comércio sustentaram os dogmas nazistas. Mises afirma que somente através da destruição total do nazismo o mundo poderá retomar suas conquistas e melhorar a organização social, construindo uma boa sociedade. Infelizmente, os pilares de sua ideologia permanecem conquistando muitos adeptos, ainda que sob diferentes rótulos. São estes pilares que devem ser atacados para a garantia do progresso da civilização.

* O colega de Mises, o prêmio Nobel Hayek, também analisou o nazismo por um prisma semelhante, e concluiu que a relativa facilidade com que um jovem comunista podia se converter em nazista ou vice-versa era notória na Alemanha. Aqueles estudantes que detestavam a civilização liberal do Ocidente não sabiam ao certo o que escolher entre nazismo e comunismo, mas tinham em comum o ódio ao modelo liberal. Hayek explica a situação em O Caminho da Servidão: “É verdade que na Alemanha, antes de 1933, e na Itália, antes de 1922, comunistas e nazistas ou fascistas entravam mais freqüentemente em conflito entre si do que com os outros partidos. Disputavam o apoio de pessoas da mesma mentalidade e voltavam uns aos outros o ódio que se tem aos hereges. No entanto, seu modo de agir demonstrava quão semelhantes são, de fato. Para ambos, o verdadeiro inimigo, o homem com o qual nada tinham em comum e ao qual não poderiam esperar convencer, era o liberal da velha escola. Enquanto o nazista para o comunista, o comunista para o nazista, e para ambos o socialista, são recrutas em potencial, terreno propício à sua pregação – embora se tenham deixado levar por falsos profetas – eles sabem que é impossível qualquer tipo de entendimento com os que realmente acreditam na liberdade individual”. Mesmo o professor Eduard Heimann, um dos líderes do socialismo religioso alemão, escreveu que o liberalismo tem a honra de ser a doutrina mais odiada por Hitler. E pelos socialistas também.

O Poder da Linguagem

O Poder da Linguagem
Judith Lloyd Yero
"O que você ouve repetidamente, eventualmente você passa a acreditar."Mike Murdock
Practitioners, em muitos campos, têm um conjunto de crenças tácitas que são comumente aceitas e que guiam o seu comportamento. A educação não é exceção. "A sabedoria convencional" guia o comportamento daqueles envolvidos no ensino dos estudantes. O problema com essas crenças inconscientes é que elas raramente são reexaminadas para validação. Elas mantêm o seu poder através da linguagem diária e passam de uma pessoa para outra como um vírus.
Pensamento vírus
"Os estudantes devem aprender o básico antes de poderem tentar resolver problemas mais complexos."
"O papel primário do professor é dar aos alunos o conhecimento de que eles precisam para atuarem efetivamente no mundo."
"Uma boa ordem é a base para um bom ensino."
Tais afirmações são crenças. Ditas com convicção, elas assumem a autoridade do locutor. A mente as aceita como verdade – como informação real. Tais afirmações são o que o psicólogo Robert Dilts chama de "vírus do pensamento". (1) Um vírus do pensamento é uma crença limitante – uma generalização ou uma distorção retirada de uma experiência, mas hoje separada do seu contexto. O perigo do pensamento vírus é que, como contêm alguma verdade, como são parcialmente verdadeiros em alguns contextos, as pessoas estão menos propensas a questionar a sua validade.
Afirmações tais como, os estudantes são motivados pelas notas e, devem aprender o básico antes que possam tentar resolver problemas mais complexos, soam como fatos. Entretanto, nem sempre são verdadeiras. Quase todos podem se recordar de situações onde o oposto é verdadeiro. Essas não são as "exceções" para o fato. Elas são indicadores que nos permitem saber que a afirmação é uma crença e não um fato – SE nós estivermos prestando atenção.
Afirmações factuais simples, que são unânimes, são frequentemente independentes do contexto. Afirmações de que a neve é branca, a fórmula da água é H2O, e que Seattle fica ao norte de Los Angeles são verdadeiras no contexto que as pessoas encontram na vida diária. Quanto mais complexa se tornar uma afirmação e menos definidos forem os termos usados na afirmação, menos provável será a afirmação conseguir uma concordância geral.
A fim de se chegar a um acordo, as pessoas devem especificar o contexto e negociar a definição dos termos para terem certeza de que significam a mesma coisa para todos. Infelizmente, quando as pessoas pensam em algumas situações onde uma afirmação é verdadeira, elas frequentemente a aceitam como verdade sem mais negociação. É assim que as crenças se tornam instituídas como "fatos".
Muitos vírus do pensamento educacional são uma parte tão profunda da estrutura da vida diária nas escolas que eles são duplamente difíceis de detectar. Os professores simplesmente balançam suas cabeças a tais afirmações. Não é caso de decepção. É que apenas a linguagem da educação tem o poder de definir o comportamento dos professores.
Vamos examinar algumas das afirmações listadas acima. (Para ver como você foi "infectado" por pensamento vírus semelhantes, veja Self-Inventory no livro Teaching in Mind: How Teacher Thinking Shapes Education.) Você pode descobrir que, inicialmente, você concorda ou discorda das afirmações. O mais importante é identificar em que base você concorda ou discorda.
1. Os estudantes devem aprender o básico antes de poderem tentar resolver problemas mais complexos. Você já não aprendeu alguma coisa onde começou com o básico e depois trabalhou avançando para conceitos mais complexos? Você já não aprendeu algo onde você saltou para um nível razoavelmente complexo e eventualmente foi empregando seus esforços até chegar no básico?
A maioria das pessoas responde "sim" para as duas perguntas, portanto a afirmação original é só parcialmente verdadeira. Melhor dito, é verdade em alguns contextos mas não em outros. Como tal, é inapropriado usar a afirmação como verdade permanente ou regra com o propósito de tomar decisões sobre como organizar o conteúdo acadêmico. Ainda assim essa afirmação é usada como base para a maioria dos livros textos e para planejar os cursos escolares!
2. O papel primário do professor é dar aos alunos o conhecimento de que eles precisam para atuarem efetivamente no mundo. Essa afirmação pressupõe diversas coisas. Primeiro, é possível para um professor "dar" conhecimento aos estudantes. Pesquisas sobre o conhecimento gerado interiormente colocam essa suposição em sério questionamento.
Segundo, a afirmação pressupõe que o professor sabe qual é o conhecimento que o estudante vai precisar. Embora seja razoável assumir que todos os estudantes vão precisar das habilidades básicas de alfabetização e aritméticas, o que essa afirmação significa para os professores de outras matérias além destes níveis?
O perigo nessa afirmação é que muitos professores foram vítimas do mito que o seu principal papel é dar informação aos estudantes. Dar é parte da metáfora do "conhecimento como objeto". A palavra dar é extremamente poderosa na definição do papel dos professores. A afirmação original soa como uma afirmação de fato - de sabedoria – de verdade, porém, de novo, ela é verdadeira em somente alguns contextos. É um pensamento vírus.
As decisões baseadas em generalizações independentes do contexto são tomadas com informações insuficientes, em relação ao que acontece com as tomadas num contexto específico. Por exemplo, habitualmente, manter os estudantes em silêncio com base no pensamento vírus de que uma sala de aula silenciosa contribui para o aprendizado pode inibir, tanto quanto favorecer, o aprendizado.
Se você está atento de que contextos diferentes mudam a verdade da afirmação, você está correto no caminho para reconhecer o perigo inerente em tais crenças limitantes. Para evitar infecção pelo pensamento vírus, é imperativo questionar a "sabedoria convencional" da educação perguntando: "Existe alguma situação em que isso é ou não é verdade?"
Os professores baseiam as suas decisões num conjunto de suposições básicas sobre o aprendizado, o conhecimento, o ensino e a natureza dos estudantes. Ensino cuidadoso exige identificar se estas suposições são válidas ou se, na realidade, são pensamento vírus. O importante é se a afirmação é verdadeira no contexto presente. Se não, as decisões baseadas nessa afirmação serão, algumas vezes, inapropriadas.
Certamente é mais fácil aplicar as mesmas regras para todas as pessoas e todas as situações do que ter que avaliar constantemente cada situação e decidir qual a ação apropriada. O custo desta "facilidade" é a negligência. Para o argumento de que não temos tempo para avaliar cada situação, eu concordo com Norman Cousins: "É um absurdo dizer que não temos tempo suficiente para ficarmos totalmente informados... O tempo utilizado para pensar é o que maior poupador de tempo". (2)
Referências
Dilts, R. B. (1999). Sleight of Mouth: The Magic of Conversational Belief Change, CA: Meta Publications, 117
Peter, L. J. (1977). Peter’s Quotations: Ideas for our Time. New York: Bantam Books, 494
Judith Lloyd Yero, Master Practitioner e Trainer em PNL, é professora e diretora do Teacher's Mind Resources, analista e consultora educacional, autora de livros e de artigos em jornais. Recentemente foi co-autora de textos em sociologia, psicologia, história americana e contribuiu com numerosos livros textos de ciência.
Artigo original: The Power of Language Tradução JVF, direitos de tradução reservados.

O que você deve saber sobre a inflação

Por Henry Hazlitt

N. do T.: como repentinamente todos começaram a falar sobre o aumento generalizado dos preços dos alimentos em todo o mundo, principalmente do trigo, convém deixar de lado toda a histeria emocional e explicar o que realmente causa esse efeito. Apesar de o seguinte texto ser de 1964, causa espécie o fato de que ainda hoje a lição não foi compreendida e que os mesmos erros continuam sendo repetidos à exaustão. É interessante constatar, por exemplo, que a atual inflação monetária americana, artifício utilizado principalmente para se financiar a guerra do Iraque, segue os mesmos princípios e causa os mesmos efeitos descritos a seguir - o que não causa qualquer surpresa, dado que a Teoria Austríaca sempre descreveu acuradamente todos os mecanismos da economia.

[Esse artigo foi extraído dos capítulos iniciais do livro What You Should Know About Inflation (1964).]



Atualmente, nenhum assunto é mais discutido - e mais mal compreendido - do que a inflação. Os políticos falam dela como se fosse algum terrível visitante desconhecido e inesperado, sobre o qual eles não têm qualquer controle - como um dilúvio, uma invasão externa ou uma praga. É algo contra o qual eles estão sempre prometendo "lutar" - e para isso eles só precisam que o Congresso ou o povo dê a eles as "armas" ou "uma lei severa" para fazer o serviço.

Entretanto, a simples e óbvia verdade é que foram os nossos próprios líderes políticos que criaram a inflação através de suas próprias políticas fiscais e monetárias. E eles estão prometendo lutar com a mão direita contra as condições que eles mesmos criaram com a mão esquerda.

A inflação, sempre e em qualquer lugar, é causada fundamentalmente por um aumento na oferta de dinheiro e crédito. Na realidade, a inflação é o aumento na oferta de dinheiro e crédito. Se você procurar no American College Dictionary, por exemplo, encontrará a primeira definição de inflação da seguinte maneira:

"Expansão indevida ou aumento da moeda de um país, principalmente através da emissão de papel-moeda não redimível em moeda sonante."


No entanto, em anos recentes o termo passou a ser usado em um sentido radicalmente diferente. Isso é perceptível na segunda definição dada pelo American College Dictionary:

"Um aumento substancial dos preços causado por uma expansão indevida do papel moeda ou do crédito bancário."

Agora, é óbvio que um aumento dos preços causado por uma expansão da oferta monetária não é a mesma coisa que a expansão da oferta monetária propriamente dita. Uma causa ou condição claramente não é idêntica a uma de suas conseqüências. Assim, o uso da palavra "inflação" com esses dois significados bem diferentes gera uma infindável confusão.

A palavra "inflação" originalmente era aplicada apenas para a quantidade de dinheiro. Ela significava que o volume de dinheiro era inflado, aumentado, exagerado. Não se trata de pedantismo insistir que a palavra deva ser usada apenas em seu significado original. Usá-la com o significado de "um aumento nos preços" é desviar a atenção da causa real da inflação e da real cura para ela.

Vejamos o que acontece em um ambiente inflacionário, e por que isso acontece. Quando a oferta de dinheiro aumenta, as pessoas têm mais dinheiro para trocar por bens. Se a oferta de bens não aumenta - ou não aumenta tanto quanto a oferta de dinheiro - então os preços dos bens irão subir. Cada nota fiduciária individual - por exemplo, o dólar - se torna menos valiosa porque passa a existir uma quantidade maior delas. Assim, um número maior dessas notas será oferecido em troca de, digamos, um par de sapatos ou cem quilos de trigo. Um "preço" é uma razão de troca entre, por exemplo, um dólar e uma unidade de um bem. Quando as pessoas têm mais dólares, elas valorizam menos cada dólar. Assim, o preço dos bens aumenta, não porque eles estejam mais escassos do que antes, mas porque os dólares estão mais abundantes.

Antigamente, os governos inflacionavam através da adulteração da cunhagem das moedas, principalmente através da alteração do teor da liga. Depois eles descobriram que poderiam inflacionar de maneira mais rápida e barata simplesmente jogando papel em uma impressora e imprimindo dinheiro. Foi isso que aconteceu com o assignat francês em 1789, e com a moeda americana durante a Revolução Americana. Hoje, o método é um pouco mais indireto. O governo vende seus títulos ou outras formas de dívida para os bancos. Como forma de pagamento, os bancos criam "depósitos" em seus registros contábeis, depósitos esses que podem ser sacados pelo governo. Em contrapartida, um banco pode vender essas dívidas do governo para o Banco Central (Federal Reserve, no caso dos EUA), que pode pagar por elas de duas maneiras: creditando um depósito na conta que esse banco tem junto ao Banco Central, ou simplesmente imprimindo dinheiro para pagar por elas. É assim que o dinheiro é criado.

A maior parte da "oferta monetária" de um país é representada não pela moeda que passa de mãos em mãos, mas pelos depósitos bancários que são sacados por meio de cheques. Assim, quando os economistas medem nossa oferta monetária, eles somam os depósitos a vista (e, frequentemente, os depósitos a prazo) ao dinheiro fora dos bancos para obter o total. O total de dinheiro e crédito assim medido foi de $63,3 bilhões ao final de dezembro de 1939, e $308,8 bilhões ao final de dezembro de 1963. Esse aumento de 388% na oferta monetária foi a razão predominante de os preços atacadistas terem aumentado 138% no mesmo período.

Algumas ressalvas

Frequentemente argumenta-se que atribuir a inflação a somente um aumento no volume de dinheiro é algo "deveras simplista". Isso é verdade. Muitas classificações devem ser consideradas.

Por exemplo, a "oferta monetária" deve ser considerada como algo que inclui não só o estoque de dinheiro físico, que passa de mãos em mãos, mas também a oferta de crédito bancário - especialmente nos Estados Unidos, onde a maioria dos pagamentos é feita via cheques.

Também é algo "deveras simplista" dizer que o valor de um dólar individual depende simplesmente da atual oferta de dólares em circulação. O valor depende também da oferta futura esperada de dólares. Se a maioria das pessoas temer, por exemplo, que a oferta de dólares será ainda maior daqui a um ano, em relação a hoje, então o valor presente do dólar (medido em relação ao seu poder de compra) será menor do que a atual quantidade de dólares pode de fato valer.

Novamente, o valor de qualquer unidade monetária, tal como o dólar, depende não apenas da quantidade de dólares existentes, mas também de sua qualidade. Quando um país sai do padrão-ouro, por exemplo, isso significa que o ouro, ou o direito de se conseguir ouro, repentinamente virou um mero papel. Assim, o valor da unidade monetária normalmente cai de imediato, mesmo que ainda não tenha havido qualquer aumento na quantidade de dinheiro. Isso ocorre porque as pessoas têm mais fé no ouro do que nas promessas ou nas ponderações dos gerentes monetários do governo. De fato, é difícil encontrar um exemplo de algum caso em que uma retirada do padrão-ouro não foi seguida de um aumento do crédito bancário e do dinheiro impresso em circulação.

Em resumo, o valor do dinheiro varia basicamente pelas mesmas razões que varia o valor de qualquer commodity. Assim como o valor de um alqueire de trigo depende não apenas da atual oferta total de trigo, mas também da futura oferta esperada e da qualidade do trigo, o valor do dólar também depende de uma variedade similar de considerações. O valor do dinheiro, assim como o valor de quaisquer bens, não é determinado meramente por relações mecânicas ou físicas, mas primariamente por fatores psicológicos que podem ser complicados.

Ao lidar com as causas e a cura da inflação, é preciso ter em mente quais são as reais complicações; não se deve se deixar ser confundido e enganado por complicações desnecessárias ou inexistentes.

Por exemplo, é muito comum ouvir que o valor do dólar depende não somente da quantidade de dólares, mas também da sua "velocidade de circulação". Um aumento na "velocidade de circulação", no entanto, não é a causa de uma queda adicional do valor do dólar; esse aumento é em si uma das conseqüências do temor de que o valor do dólar vai diminuir (ou, para colocar de outra maneira, da crença de que os preços dos bens vão aumentar). É essa crença que torna as pessoas mais ansiosas para trocar dólares por bens. A ênfase que alguns escritores dão à "velocidade de circulação" é apenas mais um exemplo do erro de se substituir razões reais psicológicas por considerações mecânicas dúbias.

Um outro beco sem saída: como resposta àqueles que dizem que a inflação de preços é causada primariamente por um aumento do dinheiro e do crédito, algumas pessoas argumentam que o aumento dos preços das commodities frequentemente ocorre antes do aumento da oferta monetária. Isso é verdade. Isso foi o que ocorreu imediatamente após a deflagração da guerra na Coréia. Matérias-primas estratégicas começaram a encarecer por temor de que elas se tornariam escassas. Especuladores e produtores começaram a comprá-las e guardá-las, seja para se obter lucros futuros ou para se formar estoques preventivos. Mas para fazer isso, eles tiveram de pedir mais dinheiro emprestado junto aos bancos. Assim, o aumento dos preços foi acompanhado de um aumento igualmente notável dos empréstimos bancários e dos depósitos. De 31 de maio de 1950 até 30 de maio de 1951, os empréstimos feitos pelos bancos daquele país aumentaram em $12 bilhões. Se esse aumento dos empréstimos não tivesse ocorrido, e dinheiro novo (algo em torno de $6 bilhões ao final de janeiro de 1951) não tivesse sido impresso para cobrir os empréstimos, o aumento dos preços não teria como ser sustentado. Ou seja, o aumento dos preços só foi possível porque houve um aumento da oferta monetária.

Algumas falácias populares

Uma das mais persistentes falácias sobre a inflação é a assunção de que ela é causada, não por um aumento na quantidade de dinheiro, mas por uma "escassez de bens".

É verdade que um aumento nos preços (algo que, como já vimos, não deve ser identificado com inflação) pode ser causado tanto por um aumento na quantidade de dinheiro como por uma escassez de bens - ou pelos dois, simultaneamente. O trigo, por exemplo, pode ter seu preço aumentado seja porque houve um aumento na oferta de dinheiro ou por ter havido problemas com a safra. Mas raramente se observa, mesmo em condições de guerra total, um aumento generalizado dos preços causado por uma escassez generalizada de produtos. No entanto, tão persistente é a falácia de que a inflação é causada por uma "escassez de bens" que, mesmo na Alemanha de 1923, depois de os preços terem se elevado em centenas de bilhões de vezes, altos funcionários do governo e milhões de alemães estavam dizendo que a culpa toda era da "escassez geral de bens" - no mesmo momento em que estrangeiros iam comprar bens alemães com ouro ou com suas próprias moedas a preços bem menores do que os preços cobrados por esses mesmos bens em seus países de origem.

O aumento dos preços ocorrido nos EUA desde 1939 é constantemente atribuído a uma "escassez de bens". Contudo, estatísticas oficiais mostram que a taxa de produção industrial em 1959 foi 177% maior do que em 1939, ou aproximadamente três vezes maior. Dizer que um aumento dos preços em tempos de guerra é causado por uma escassez de bens civis também não torna a explicação melhor. Mesmo considerando-se que os bens civis realmente se escassearam em períodos de guerra, a escassez não poderia ter causado um aumento substancial dos preços por um simples motivo: os impostos tomaram uma porcentagem da renda civil tão grande quanto o rearmamento tirou dos bens disponíveis para a população.

Isso nos leva a uma outra fonte de confusão. Frequentemente se fala que um déficit orçamentário é em si algo necessário e suficiente para se causar inflação. Um déficit orçamentário, entretanto, se for totalmente financiado pela venda de títulos do governo pagos através do uso da poupança real não causará inflação (ver mais aqui). E mesmo um superávit orçamentário, por outro lado, não é uma garantia contra a inflação. Isso ficou provado no ano fiscal que terminou em 30 de junho de 1951, quando houve uma substancial inflação de preços, não obstante tenha havido um superávit orçamentário de $3,5 bilhões. A mesma coisa ocorreu nos anos fiscais de 1956 e 1957, quando também ocorreram superávits orçamentários. Um déficit orçamentário, portanto, será apenas inflacionário se causar um aumento da oferta monetária. E a inflação pode ocorrer mesmo havendo um superávit orçamentário, bastando para isso haver um aumento da oferta monetária.

A mesma cadeia de causalidade se aplica às chamadas "pressões inflacionárias" - particularmente a famosa "espiral de preços e salários". Um aumento dos salários para níveis acima do "nível de equilíbrio", se não for precedido, acompanhado ou rapidamente seguido de um aumento da oferta de dinheiro, não causaria inflação; causaria simplesmente um aumento no desemprego. E um aumento nos preços sem um aumento do dinheiro no bolso das pessoas iria causar apenas uma queda nas vendas. Aumento de preços e salários, para resumir, é normalmente conseqüência da inflação. Esse aumento só pode causar inflação se ele forçar um aumento da oferta monetária.

A cura para a inflação

A cura para a inflação, como todas as curas, consiste principalmente em remover a causa dela. A causa da inflação é o aumento da moeda e do crédito. A cura é parar de aumentar a moeda e o crédito. A cura para a inflação, em suma, é parar de inflacionar. Simples assim.

Apesar de ser simples em princípio, essa cura frequentemente envolve decisões complexas e desagradáveis em seus detalhes. Comecemos com o orçamento federal. É praticamente impossível evitar a inflação tendo déficits contínuos e pesados. É quase certo que esses déficits serão financiados por meios inflacionários - isto é, pela direta ou indireta criação de mais dinheiro. Enormes gastos governamentais não são em si inflacionários - desde que sejam totalmente financiados com receitas de impostos, ou através de empréstimos que serão pagos inteiramente através do uso da poupança real. Mas a dificuldade inerente a ambos esses métodos de pagamento é que, a partir do momento em que os gastos ultrapassam um certo ponto, torna-se inviável utilizar apenas impostos ou empréstimos para cobri-los; assim, é praticamente inevitável que o governo recorra às impressoras do banco central.

Ademais, apesar de considerarmos que enormes gastos completamente financiados por enormes impostos não são necessariamente inflacionários, eles inevitavelmente reduzem e desorganizam a produção, e enfraquecem qualquer sistema de livre iniciativa. O remédio para os enormes gastos governamentais, portanto, não está em impostos igualmente enormes, mas em parar a gastança descontrolada.

Pelo lado monetário, o Tesouro e o Banco Central (Federal Reserve System) devem parar de criar dinheiro artificialmente barato - isto é, eles devam parar de manter as taxas de juros arbitrariamente baixas. O Banco Central não deve retornar à antiga política de comprar os próprios títulos do governo a seus valores de face. Quando as taxas de juros são mantidas artificialmente baixas, elas estimulam um aumento de empréstimos. E isso leva a um aumento da oferta monetária e de crédito. O processo funciona das duas maneiras, pois é necessário aumentar a oferta monetária e de crédito para se manter as taxas de juros artificialmente baixas - e vice-versa. É por isso que uma política de "dinheiro barato" e uma política de valorização dos títulos do governo são simplesmente duas formas de se descrever a mesma coisa. Quando os bancos subsidiários do Federal Reserve (12 bancos que fazem de fato as operações determinadas pelo Banco Central) compram os títulos do governo - que até então pagavam juros de, digamos, 2,5% -, pagando por eles o equivalente ao valor de face, eles derrubam as taxas de juros de longo prazo para 2%. E eles, na realidade, pagam por esses títulos simplesmente imprimindo mais dinheiro. É esse processo que é conhecido como "monetização" da dívida pública. A inflação vai durar enquanto durar esse processo.

O Banco Central, se estiver de fato determinado a parar a inflação e cumprir com suas responsabilidades, irá se abster dos seus esforços de manter baixas as taxas de juros e de monetizar a dívida pública. Ele deveria retornar à tradição que dita que a taxa de redesconto de um banco central deve normalmente (e principalmente em um período inflacionário) ser uma taxa de "punição" - isto é, uma taxa maior do que aquela que os bancos membros da Reserva Federal conseguem em seus empréstimos mútuos. (Para mais informações sobre esses mecanismos descritos, ver aqui).

Quero aqui declarar minha convicção de que o mundo jamais vai sair da atual era inflacionária a não ser que ele retorne ao padrão-ouro. O padrão-ouro fornecia um controle praticamente automático sobre a expansão interna do crédito. É por isso que os burocratas quiseram abandoná-lo. Além de ser uma defesa contra a inflação, o padrão-ouro é o único sistema que já deu ao mundo o equivalente a uma moeda internacional.

A primeira pergunta a ser feita atualmente não é como podemos parar a inflação, mas, sim, se nós realmente queremos fazer isso. Um dos efeitos da inflação é provocar uma redistribuição da riqueza e da renda. Em sua fase inicial (até que ela alcance o ponto em que distorça e debilite totalmente a estrutura de produção da economia), ela beneficia alguns grupos às custas de outros. Os primeiros são aqueles privilegiados que recebem antes de todos os outros o dinheiro que é recém criado. Nesse momento, o valor do dinheiro ainda não foi diluído e, assim, esse grupo, que está mais rico, tem acesso privilegiado a todos os bens disponíveis, que ainda estão com os preços antigos. À medida que esse novo dinheiro vai perpassando os vários setores da economia, os preços vão subindo. Quando esse dinheiro chega à base da pirâmide, todos preços já aumentaram. Houve, assim, uma transferência de riqueza dos mais pobres, que arcam com o ônus da inflação, para os mais ricos, que adquiriram bens a preços anteriores à inflação. Dessa forma, um número cada vez maior de cidadãos passa a integrar o segundo grupo, que não consegue desfrutar do alto padrão de vida que a inflação monetária traz para os poucos privilegiados do primeiro grupo. Assim, os integrantes do primeiro grupo adquirem um interesse velado em manter a inflação. Muitos ainda continuam com a ilusão de que podem virar o jogo - que podem aumentar a renda de maneira mais rápida que o custo de vida. Dessa forma, há uma grande dose de hipocrisia nos protestos contra a inflação. Muitos estão na realidade gritando: "Congelem os preços e a renda de todos, menos a minha".

Os governos são os piores criminosos em toda essa hipocrisia. Ao mesmo tempo em que eles professam estar "lutando contra a inflação", eles estão seguindo a conhecida política do "pleno emprego". Como um defensor da inflação certa vez escreveu na The Economist: "A inflação é noventa por cento de qualquer política de pleno emprego."

O que ele esqueceu de acrescentar é que a inflação sempre termina em uma crise e em um colapso da economia; e que pior do que esse colapso em si pode ser a ilusão do público de que o colapso foi causado, não pela inflação anterior, mas pelos defeitos inerentes ao "capitalismo".

A inflação, para resumir, é o aumento no volume de dinheiro e do crédito bancário em relação ao volume de bens. Ela é danosa porque deprecia o valor da unidade monetária, aumenta o custo de vida para todos, impõe o que é de fato um imposto sobre os mais pobres (sem isenções) a uma alíquota tão alta quanto a dos impostos sobre os mais ricos, destrói o valor das poupanças acumuladas, desestimula a poupança futura, redistribui a riqueza e a renda maliciosamente, estimula e recompensa a especulação em detrimento da parcimônia e do trabalho, solapa a confiança na justiça inerente ao sistema de livre iniciativa, e corrompe a moral pública e privada.

Mas ela jamais é "inevitável". Sempre poderemos acabar com ela da noite para o dia, se tivermos a vontade sincera de fazer tal coisa.

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Henry Hazlitt (1894-1993) foi um dos membros fundadores do Mises Institute. Ele foi um filósofo libertário, economista e jornalista do The Wall Street Journal, The New York Times, Newsweek e The American Mercury, entre outras publicações. Ele é mais conhecido pelo seu livro Economia em uma Única Lição.

Tradução de Leandro Augusto Gomes Roque

Como é que é o doente? Movimento Ambiental perdeu o Caminho Perdido Movimento ambiental tem o seu caminho




Sou muitas vezes perguntou por que eu quebrei fileiras com o Greenpeace após quinze anos, como fundador e ativista ambiental a tempo inteiro. Enquanto eu tinha meus motivos pessoais, gastando mais tempo com uma família a crescer em vez de viver fora de uma mala maior parte do ano foi-lhe sobre questões de política que eu achei necessário para seguir em frente.

Com início em meados da década de 1980, o Greenpeace, e grande parte do movimento ambientalista, fez uma forte política vire à esquerda e começou a adoptar extrema agendas que abandonou ciência e da lógica em favor de emoção e sensacionalismo. Tornei-me consciente do conceito emergente de desenvolvimento sustentável, a ideia de que a ambiental, social, económica e as prioridades poderiam ser equilibrado. Tornei-me um converter à idéia de que todos têm a ganhar soluções poderão ser encontradas, trazendo todos os interesses em torno da mesma mesa. Eu fiz a passagem de confronto ao consenso.

Desde então, tenho trabalhado sob a bandeira da Greenspirit a desenvolver uma plataforma política ambiental com base na ciência, lógica, e no reconhecimento de que mais de seis mil milhões de pessoas precisam de sobreviver e prosperar, todos os dias do ano. O movimento ambientalista tem perdido o seu caminho, favorecendo politicamente correcto ao longo do rigor factual, stooping para assustar táticas para angariar apoio. Muitas campanhas já travada em nome do ambiente iria resultar no aumento da ofensa, tanto ao meio ambiente e bem-estar humano, se viesse a suceder.

Então, estamos confrontados com as políticas ambientais que ignoram ciência e resultar em maior risco para a saúde humana e ecologia. Para emprestar do vernáculo, como é que o doente?

Melhoramento genético:

Ativistas persistirem na sua campanha de tolerância zero contra geneticamente melhoradas variedades de culturas alimentares é zero quando houver indícios de danos à saúde humana ou ao meio ambiente e os benefícios são mensuráveis e significativas. Geneticamente melhorados (GE), em resultado das culturas alimentares reduzida pesticidas químicos, maior rendimento e reduziu a erosão do solo. Golden Rice, por exemplo, poderia evitar cegueira em 500.000 crianças por ano na Ásia e na África se activistas deixaria de bloquear a sua introdução. Outras variedades de culturas alimentares irá conter ferro, vitamina E, o reforço da proteína e melhores óleos. Nenhuma outra tecnologia pode igualar o potencial da GE para abordar as deficiências nutricionais de milhares de milhões de pessoas. A campanha anti-GE pretende negar estes avanços ambientais e nutricionais usando "Frankenfood" assustas táticas e desinformação campanhas.

Salmon Farming:

A campanha contra a cultura de salmão, com base em errôneas e exageradas alegações de danos ambientais e de contaminação química, é assustar-nos para evitar um dos mais nutritivos, coração-friendly alimentos disponíveis hoje. Ativistas persistir nesta campanha, no entanto, a Organização Mundial de Saúde, a American Heart Association e os E.U. Food and Drug Administration dizer comer salmão reduz o risco de doença cardíaca e ataque cardíaco. Salmonicultura tem a vantagem adicional de ter pressão off salmão selvagem existências. Ativistas responder por dizer-nos a comer apenas peixes selvagens. É desta forma que salvá-los, ao comer mais?

Vinil:

Greenpeace quer proibir o uso de cloro em todos os processos industriais, mas a adição de cloro à água potável tem sido o maior avanço na história da saúde pública, e 75% dos nossos medicamentos são baseados em cloro química. Meus antigos colegas Greenpeace também chamada para uma proibição de cloreto de polivinilo (PVC ou vinil), alegando que é o "veneno de plástico". Não há provas de que uma centelha de vinil danos a saúde humana ou o ambiente. Para além da sua relação custo-eficácia na construção, e capacidade para fornecer água potável, vinil da facilidade de manutenção ea sua capacidade de incorporar anti-microbiana propriedades é fundamental para a luta contra germes em hospitais. Proibição de vinil iria elevar ainda mais o custo de um sistema de cuidados de saúde já lutando, em última instância negando cuidados de saúde a todos aqueles que menos podem permitir isso.

Hydro Electricidade:

Internacional ativistas vangloriar de terem bloqueado mais de 200 usinas hidrelétricas no mundo em desenvolvimento e são campanhas para derrubar barragens existentes. Hydro é a maior fonte de energia renovável, proporcionando cerca de 12% da oferta mundial. Do ativistas preferem carvão plantas? Eles sim ignorar as necessidades de milhares de milhões de pessoas?

Wind Power:

A energia eólica é comercialmente viável, mas ativistas alegam as turbinas matar pássaros e paisagens ruína. Um milhão de vezes mais aves são mortas por gatos, janelas e carros do que em todos os moinhos de vento do mundo. Quanto à estética, as turbinas eólicas são obras de arte, em comparação com alguns dos nossos ambientes urbanos.

Nuclear:

Uma significativa redução na emissão de gases de estufa parece pouco provável dado o nosso continuou pesada dependência de combustíveis fósseis consumo. Mesmo ecologista britânico James Lovelock, que Gaia afirmada a teoria de que a Terra funciona como um gigante, a auto-regulação super-organismo, agora vê a energia nuclear como chave para o futuro do nosso planeta saúde. Lovelock diz que o primeiro mundo comporta como um viciado fumante, distraídos por benefícios de curto prazo e de longo prazo ignoram risco. "Civilização está em perigo iminente", ele adverte, "e tem a utilização nuclear, a um seguro, disponível fonte de energia ou de sofrer a dor que em breve será infligida pelo nosso planeta indignada."

Mas ativistas ambientais, nomeadamente, Greenpeace e Amigos da Terra, continuam a lobby contra a energia nuclear limpa, e em favor da Band-Aid Quioto Tratado. Podemos aceitar as energias renováveis, como a eólica, geotérmica e hidráulica são parte da solução. Mas a energia nuclear não é a única emissora de gases com efeito de fonte de energia que pode efectivamente substituir os combustíveis fósseis e satisfazer a procura mundial.

Florestas:

Anti-florestal activistas estão a dizer-nos a parar de cortar árvores e para reduzir o uso da madeira. Floresta perda, ou desmatamento, é causada por quase todas as fazendas para limpar as florestas e as cidades. Operações florestais, por outro lado, são voltadas para a reflorestação ea manutenção da cobertura florestal. As florestas são estável e em crescimento, onde as pessoas utilizam as mais madeira, e estão a diminuir quando eles usam menos. Quando usamos madeira, que envie um sinal ao mercado para plantar mais árvores e produzir mais madeira. Norte-americanos usam mais madeira per capita do que qualquer outro continente, ainda há aproximadamente a mesma área florestal na América do Norte hoje, como não havia há 100 anos.

Árvores, e os materiais que produzem, são, de longe, o mais abundante, renovável e biodegradável recursos no mundo. Se queremos manter saudável florestas, devemos crescer mais árvores e usar mais madeira, e não menos. Este parece perdido em ativistas que usam refrigeração e retórica apocalíptica imagens de conduzir-nos na direcção errada.

O Prognóstico:

Environmentalism se transformou em anti-globalização e anti-indústria. Ativistas abandonaram ciência a favor do sensacionalismo. Sua de tolerância zero, o medo de fautor de campanhas acabaria por impedir uma cura para a Deficiência de vitamina A cegueira, aumento de pesticidas, o aumento de doença cardíaca, empobrecem salmão selvagem existências, elevar os custos e reduzir a segurança dos cuidados de saúde, elevar os custos de construção, desenvolvimento privar nações de electricidade limpa, parada renováveis de energia eólica, bloquear uma solução para o aquecimento global, e contribuir para a desflorestação. Como é que o doente?

Co-fundador da Greenpeace, o Dr. Patrick Moore é presidente e Cientista Chefe da Greenspirit Strategies Ltd. em Vancouver, Canadá. www.greenspiritstrategies.com.

 
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