140 verdades sobre o Esquerdismo

1. No fundo, o esquerdista é um adolescente numa procura eterna por um mundo sem conseqüências morais;

2. A liberdade para com a conseqüência moral só pode ser assegurada por um

Faz tempo que notamos a astucia dos esquerdistas para puxar votos dos menos informados, ou mal informados.

Estado coletivista e totalitário;

3. A religião esquerdista reverencia os deuses gêmeos da genitália e do governo, e é conduzida por um sacerdócio de psicólogos;

4. "Liberdade" para os esquerdistas é a liberdade dos genitais, apenas;

5. Todas as liberdades individuais não-sexuais são desprezadas pelos esquerdistas visto que elas demandam responsabilidade moral;

6. O conflito fundamental para os esquerdistas é o individual versus o coletivo. O individual precisa ter todos seus poderes "confiscados" em favor do coletivo;

7. O individualismo exige responsabilidade moral. O coletivismo deseja eliminar a necessidade de responsabilidade moral;

8. A Constituição dos Estados Unidos, especificamente a Carta de Direitos, é a inimiga dos esquerdistas;

9. Os esquerdistas desprezam os Estados Unidos porque eles são os principais promotores e garantidores do individualismo no mundo;

10. Todas as instituições e conceitos - escolas, meio-ambiente, cortes, etc. - não tem outra função que não a promoção do coletivismo;

11. O aborto é necessário para garantir a liberdade genital e a eliminação da responsabilidade moral;

12. A base da psicologia é a eliminação da responsabilidade moral;

13. O esquerdista deve criar uma atmosfera de crise e medo para justificar a opressão coletivista;

14. Qualquer religião que professa ou crê na responsabilidade moral é uma inimiga do esquerdista e deve ser reprimida;

15. Apesar de décadas de erros espetaculares, os esquerdistas tendem para o "sonho" coletivista porque o coletivismo é mais do que uma forma de governo. É uma religião;

16. Os esquerdistas procuram dominar toda instituição que pode enfraquecer ou aniquilar o poder parental - escolas públicas, conselhos tutelares, sociedades pediátricas e etc.;

17. O esquerdista aplaude a prisão de pais adeptos do homeschooling que ousam em educar seus filhos fora do controle das escolas públicas coletivistas;

18. O porte de armas é o maior símbolo de poder individual, portanto malvisto pelos esquerdistas;

19. Todas as liberdades individuais exigem um comportamento responsável, conseqüentemente exigem um código moral. Esquerdistas odeiam liberdades porque eles odeiam a moral;

20. O esquerdista ama Bill Clinton por ele ser quem ele é, apesar de quem ELE é;

21. O esquerdista despreza a soberania nacional que protege as liberdades individuais;

22. O esquerdista promove os governos internacionais (ONU, UE, ...) que querem destruir o individualismo protegido por Estados soberanos;

23. O esquerdista teme qualquer traço de individualismo em qualquer parte do globo, e o esquerdista é obcecado com o controle central de toda a atividade e pensamento humano;

24. "Multiculturalismo" é a senha para uma cultura única, opressiva e coletivista;

25. O esquerdista geralmente fala sobre tolerância mas ele só tolera esquerdistas;

26. O esquerdista procura criminalizar qualquer discurso que promova a moralidade ou o individualismo, considerado-os como hate speech;

27. Os ambientalistas mentem naturalmente;

28. O único método de debate do esquerdista é insultar e desacreditar qualquer um que ouse em não concordar com ele;

29. Sempre que possível, o esquerdista reprime qualquer um que questione suas crenças;

30. Os esquerdistas desprezam toda a inocência - especialmente a inocência das crianças;

31. Os esquerdistas procuram a sexualização das crianças e a normalização da pedofilia, tudo isso na procura pela liberdade genital;

32. Na cabeça de um esquerdista, sua liberdade é a opressão deles;

33. A propriedade privada e a riqueza individual são partes integrantes do individualismo, e inimigas do esquerdista;

34. O esquerdista odeia você;

35. O esquerdista procura substituir uma visão moral do mundo por uma visão emocional do mundo;

36. O esquerdista geralmente escolhe uma carreira que não produz nada de útil - advocacia, funcionalismo público, ativismo, ... - e usa o governo para sugar a riqueza alheia;

37. Os programas esquerdistas enriquecem os esquerdistas e fazem pouco ou nada para ajudar os pobres;

38. O esquerdista despreza a masculinidade por ser um símbolo de poder individual;

39. Os grupos feministas têm tudo a ver com lesbianismo e socialismo, e nada a ver com direitos iguais às mulheres;

40. Os esquerdistas desejam destruir você financeiramente, arrancar seus filhos de você e prender você devido a suas crenças;

41. Os esquerdistas têm medo da tecnologia e das mudanças - porque nem uma nem outra podem ser controladas centralmente;

42. Os esquerdistas não têm uma obsessão por sexo mas sim por promiscuidade. A promiscuidade é o tema dominante na cultura esquerdista;

43. Os esquerdistas desprezam os subúrbios por que são manifestações de prosperidade individual, propriedades privadas e da família;

44. Os esquerdistas desprezam o casamento e a família porque são instituições que são arredias a promiscuidades;

45. Os esquerdistas desprezam os automóveis por serem símbolos de liberdade e poder individual;

46. Os esquerdistas querem controlar as escolas públicas e forçar as crianças a estudar nelas para que possam incutir a ideologia da promiscuidade e do coletivismo nas crianças;

47. Outras doenças matam milhões de pessoas mas os esquerdistas têm uma obsessão com a AIDS porque esta é uma conseqüência moral de sua promiscuidade;

48. Os esquerdistas são mais engajados do que os conservadores visto que sua política é também sua religião;

49. As atividades esquerdistas têm tudo a ver com o ego - para que possam demonstrar que "eu me importo mais do que você" sem ajudar ninguém;

50. Sempre quando um esquerdista manifesta preocupação para com "as crianças", na verdade eles estão mirando as crianças para a expansão da promiscuidade, coletivismo, e seus próprios livros vermelhos e egos;

51. Visto que a política coletivista é a sua única moral, os esquerdistas não têm nenhum problema com a opressão ou violência na sua busca pelo coletivismo;

52. Os esquerdistas são elitistas que se eximem de suas regras opressoras que eles impõem na população;

53. Os esquerdistas esperneiam se um travesti ou um condenando é minimamente ofendido mas lincham moral e abertamente os cristãos;

54. O sonho do esquerdista é o retorno ao mundo urbano e centralizado dos anos 40. Nós todos iremos de ônibus de nossos apartamentos pequenos, sujos, num conjunto habitacional para nossos empregos sindicalizados das 8 a 5 da tarde;

55. Os esquerdistas acreditam que a riqueza é estática - qualquer um que faz o seu deve estar roubando de outro alguém;

56. Os esquerdistas dizem ser contra a violência mas inventam quaisquer desculpa para esquerdistas como Fidel Castro, que tortura dissidentes políticos;

57. Os esquerdistas têm uma enorme compaixão para com os criminosos mas pouca ou nenhuma para com as vítimas;

58. Os ativistas dos direitos dos animais odeiam a humanidade;

59. Os esquerdistas acreditam que passar valores religiosos para as crianças é uma forma de abuso infantil;

60. Os esquerdistas usam tons moralistas e frases de efeito como "justiça social", mas a única moral deles é a acumulação de poderes;

61. As ideologias esquerdistas tendem inevitavelmente ao totalitarismo em escala global;

62. Os esquerdistas nunca estão satisfeitos com o poder que eles têm ganhado sobre as vidas das pessoas - eles precisam controlar cada pensamento e cada detalhe da atividade humana;

63. No mundo esquerdista, todos os problemas derivam do individualismo e todas as soluções são coletivistas;

64. Os esquerdistas são chatos e sem humor;

65. Bill Clinton estuprou Juanita Broaderick. Os esquerdistas não se importam;

66. Bill Clinton usou o IRS para reprimir o discurso político conservador. Os esquerdistas o adoram por isso;

67. Os cientistas são obcecados pela "vida em outros planetas" para poder confirmar a teoria da evolução integralmente. A alternativa a isso os apavora;

68. Os esquerdistas estão sempre procurando uma religião (New Age, paganismo, unitarianismo) que seja simpática à promiscuidade;

69. Os esquerdistas desprezam o papa porque ele se recusa em aceitar o aborto, o planejamento familiar e o divórcio. Todas essas três posições estimulam a promiscuidade;

70. Melhor que milhões de africanos morram na angústia da AIDS e fortunas desperdiçadas em remédios que não funcionam do que um esquerdista desencorajando a promiscuidade;

71. Uma mãe em tempo integral irrita um esquerdista;

72. Os esquerdistas admiram a política chinesa de abortos forçados;

73. Vinte anos após a desregulamentação vitoriosa e de forma impressionante das linhas aéreas, os esquerdistas ainda reclamam disso porque eles são obcecados pelo coletivismo e eles são elitistas que não gostam de voar com a classe média;

74. A vida humana é um bem barato no mundo esquerdista;

75. Os esquerdistas são puritanos - pomposos, nervosos e legalistas. Eles desejam uma cultura monolítica e sem vigor onde os dissidentes são reprimidos com o direito criminal;

76. Os esquerdistas não conseguem conceber uma solução para um problema em que não se envolva o governo;

77. A vila de Hillary é um estado totalitário;

78. A União Européia tem tudo a ver com socialismo;

79. Se derem a chance, os esquerdistas irão banir a Bíblia por ser um discurso de ódio;

80. Os esquerdistas vêem os seres humanos como objetos monetários sem valor moral (assistencialismo, etc.) mas vêem objetos inanimados (armas, lucros, etc.) exclusivamente em termos morais;

81. A Terceira Via é uma nova maquiagem no velho porco socialista;

82. Na vila de Hillary, os pais são o problema na criação dos filhos, não a solução;

83. Os esquerdistas apoiaram o retorno de Elian Gonzalez porque eles admiram a ilha-prisão coletivista de Fidel Castro;

84. Michael Jackson é um pedófilo. A mídia esquerdista o adora;

85. Os esquerdistas desprezam a pena de morte por ser a expressão suprema das responsabilidades morais e individuais;

86. Qualquer um que critica qualquer aspecto do homossexualismo é acusado histericamente de "homofóbico" e de "homossexual enrustido";

87. Os ambientalistas têm tudo a ver com o socialismo;

88. A Arte Moderna é obcecada com seu ódio a moralidade e ao cristianismo;

89. A maior parte das universidades nos EUA desprezam a liberdade de expressão;

90. Os esquerdistas são obcecados com a eliminação de riscos já que o risco é uma parta integral da liberdade e da responsabilidade individual;

91. Os esquerdistas criaram caçadores de violência infantil e geralmente mandam pais inocentes à cadeia devido à violência infantil, para justificar a destruição do pátrio poder;

92. Os burocratas de esquerda oprimem os conservadores e os cristãos sempre que possível;

93. Os esquerdistas são baderneiros nojentos e violentos;

94. É melhor morrer milhares de mulheres na agonia do câncer de mama do que um esquerdista revelar a relação entre aborto e câncer de mama;

95. Um esquerdista arrancaria um dente seu com um alicate a cortar impostos;

96. Os esquerdistas, na verdade, nunca desistiram de Marx;

97. A pedofilia é uma parte importante da cultura homossexual;

98. Os esquerdistas sonham com uma rede governamental enorme de assistentes sociais controlando as famílias de modo detalhado;

99. A meta da ONU é o totalitarismo numa escala global;

100. A arma principal do ambientalismo é a paranóia baseada em inverdades;

101. Tal qual o esquerdista atual, Hitler era um socialista e não um fascita;

102. Os esquerdistas pregam um tipo de sociedade de "Tolerância Zero" a lá Gestapo como visto nas escolas públicas modernas;

103. O esquerdista reverencia o apetite e despreza o autocontrole;

104. O esquerdista é um arruaceiro intolerante e de mente pequena;

105. O propósito esquerdista de mais presença estatal justifica quaisquer meios - incluindo mentiras, decepções, corrupção e violência;

106. A mídia nacional é uma extensão do Partido Democrata, e é marcadamente esquerdista

107. Para o esquerdista o termo "bipartidário" significa ser mais esquerdista;

108. "Ativistas" dos direitos dos animais e do meio ambiente têm mais a ver com o ódio a humanidade do que amor à natureza;

109. A peça de teatro preferida do esquerdista, Monólogos da Vagina, glorifica o abuso sexual de menores, pedofilia e outras perversões;

110. O aquecimento global tem tudo a ver com o socialismo e nada a ver com o meio ambiente;

111. A Grande Sociedade destruiu os pobres;

112. Mães adeptas do homeschooling enfurecem os esquerdistas;

113. Os esquerdistas aplaudem secretamente a venda de material nuclear para a China;

114. O nível de verdade pode ser medido pela gritaria da imprensa esquerdista;

115. Nenhuma criatura da Terra é mais pomposa do que um "apresentador" de TV;

116. Os esquerdistas americanos têm vergonha do sucesso e das liberdades americanas. Os esquerdistas do mundo têm inveja disso;

117. A vila de Hillary será um gulag soviético a máxima extensão;

118. A WBNA tem tudo a ver com o lesbianismo;

119. É mais fácil ter milhões de crianças com cicatrizes emocionais do que um esquerdista se levantar contra a cultura do divórcio que é essencial para a promiscuidade esquerdista;

120. Para os esquerdistas os pais são desnecessários e são na maioria das vezes apêndices perigosos ao casamento e ao pátrio poder;

121. As feministas acreditam que os homens são inerentemente maldosos;

122. Os esquerdistas acreditam que as crianças não recebem nenhum benefício real de pais casados;

123. Os esquerdistas acreditam que as crianças precisam fazer sexo tão logo eles estejam fisicamente capazas - porque eles estão fisicamente capazes;

124. O aquecimento global tem tudo a ver com o ódio ao capitalismo;

125. A Associação Médica Americana, a Academia Nacional de Ciências, e muitas outras organizações "científicas" são dutos esquerdistas que colocam a política sobre a ciência;

126. Os esquerdistas são elitistas que desprezam o Wal-Mart porque este serve com muito sucesso os subúrbios e a classe média das pequenas cidades;

127. Qualquer coisa classe média irrita os esquerdistas;

128. As feministas acreditam que o lesbianismo é o único estilo de vida aceitável paras as mulheres;

129. Os esquerdistas estão continuamente irritados porque sua promiscuidade e suas vidas obcecadas pelo governo são de uma chatice tremenda;

130. No sistema público de educação, os esquerdistas tentam uma versão da Juventude Hitlerista -doutrinação política e cultural universal para uma violenta devoção ao coletivismo. Por conseguinte, o ódio ao homeschooling;

131. Gary Condit incorpora a promiscuidade serial que os esquerdistas desejam;

132. Os ambientalistas são pagãos;

133. Mesmo fazendo menos dinheiro, os esquerdistas de Hollywood produzem, na maoiria das vezes, filmes impróprios para menores para promover e justificar sua obsessão com a promiscuidade;

134. Os europeus odeiam George W. Bush porque ele resiste ao sonho europeu de dominação global

135. Os homossexuais estão cada vez mais fazendo sexo sem camisinha porque eles não dão importância à vida - mesmo se falando das deles;

136. Os esquerdistas pró-aborto preferem a promiscuidade à vida;

137. Os globalistas esquerdistas temem o poder dos EUA com um sistema eficiente de defesa de mísseis;

138. Os esquerdistas vêm atormentando as vidas dos negros por um ataque em três flancos - a cultura da droga; a revolução sexual e o estado de bem-estar social;

139. Os tais "conselhos tutelares" angariam fundos federais para cada criança removida de seus pais e postas à adoção. Sua agenda primária é a projeção do poder e da política esquerdista e

140. Esquerdismo é uma doença.

Algumas considerações sobre a Amazônia



Em primeiro lugar, por mais importante que seja o fator de regulação climática da Amazônia (toda floresta o é), esta não exerce a função de "pulmão do mundo". Este é atributo dos oceanos, mais especificamente do fictoplâncton que absorve o gás carbônico da atmosfera levando-o ao fundo do oceano. À noite, a floresta amazônica absorve a mesma quantidade de oxigênio expelido no processo de fotossíntese executado durante o dia.

Se seu valor intrínseco estivesse na hipótese de ser um "pulmão do mundo", uma alternativa seria serra-la, pois as árvores absorvem mais gás carbônico durante a fase de crescimento deixando, em contrapartida, mais oxigênio na atmosfera. Portanto, se há algum "pulmão do mundo", em termos vegetais, ele está nas árvores "florestadas" ou nas "reflorestadas". A saber, as áreas sem este tipo de formação vegetal, nas quais foi artificialmente introduzido e, em áreas recuperadas para este fim.

Até recentemente, ambientalistas e nacionalistas não nutriam grande simpatia mútua no Brasil. Mas, hoje em dia se percebe que têm afinado seus discursos com uma retórica xenófoba comum... Penso que há uma certa confusão quando se fala em Amazônia na sua "manutenção da integridade territorial do país". Uma coisa é advogar a soberania do estado-nação, outra bem diferente (mas, de modo nenhum, oposta) é requisitar o direito de propriedade aos seus cidadãos. Ora, na Amazônia temos o preceito territorial do estado, mas há quantas anda o direito de propriedade garantido pela Constituição da República? Mesmo porque, não há como garantir a segurança da propriedade privada sem sua defesa constitucional. Em outras palavras “não haverá compradores para terrenos cuja posse não seja sequer garantida pelo governo local”. Não confundamos, por favor, o direito de propriedade com as ações sugeridas e incentivadas por uma miríade de ongs que propõe um status diferenciado da propriedade. No caso específico de Raposa Serra do Sol, o direito de propriedade de brasileiros, como bem sabemos, foi flagrantemente usurpado...

Da mesma forma, não vejo problema quando porções de "nossa terra" são vendidas a estrangeiros. Se todos países pensassem assim, a Gerdau teria então que ser chutada dos EUA por que adquiriu a siderúrgica Chaparral? Ao contrário, imigrantes com capital ou imigrantes sem capital, mas com ânimo para trabalhar sempre serão muito bem-vindos. Aliás, isto trouxe benefícios ao Brasil, embora tenham sido apenas cerca de 4 milhões de imigrantes em sua história contra os mais de 40 milhões que aportaram nos EUA. E, como se sabe, estes continuam a chegar àquele país por terra, no deserto, ou por mar, em meio aos tubarões.

O Brasil, entre tantas outras nações, deve muito aos seus imigrantes e a migração de capitais. A questão que vejo é outra: trata-se de se adequar às nossas leis e, quando isto não procede, aí reside o problema, real problema.

Este pavor que muitos dos nacionalistas de ocasião nutrem pelas multinacionais, simplesmente, não faz sentido. Trata-se de uma herança preconceituosa de nossa elite intelectual dos anos 60 que já deveria ter sido extinta. Reitero o que digo: o problema não é a multinacional em si, mas o desrespeito à lei ou abuso de poder, quando da formação de cartéis ou trustes, por exemplo. Aí, o malfeitor é malfeitor independente de ser estrangeiro ou brasileiro.

Usamos madeira e papel continuamente. Se realmente quisermos manter a "floresta em pé" temos que apoiar em outras tantas e abundantes áreas do Brasil, "matas de eucalipto” ou pinus. Só esta espécie de agricultura pode combater o simples extrativismo. Agora, por outro lado, querer manter a floresta intacta é uma utopia que não tem (nem nunca teve) lugar nem lógica no mundo. A floresta tem todos os requisitos para ser uma incomensurável geradora de riquezas ao nosso país. E nem me refiro aos minerais em seu subsolo, mas aos fármacos que são produzidos a partir de compostos orgânicos nela encontrados.

Se não se quer, realmente, perder grandes áreas da biomassa amazônica, um plano de ocupação tem que ser executado. Mas, diferentemente, da época do regime militar, ele precisa contar com maior agregação da sociedade civil, isto é, tem que ser apoiado na idéia da propriedade privada.

Por que, tal como a China faz com sua gigantesca mão-de-obra, não atrairmos capitais (nacionais e internacionais) para produzir na Amazônia? Entre eles, laboratórios e cobramos o que nos é devido, com o subproduto desejável de empregar gente que, hoje, sem opção está usando uma moto-serra?

A inflação é a pior desgraça para os salários?


A mensagem do presidente Lula de que "a inflação é a pior desgraça para o povo que vive de salário" parece ser sincera. Afinal, foi por iniciativa do presidente que o Banco Central do Brasil (Bacen) é hoje uma instituição autônoma, ao menos operacionalmente. Sem falar que a sua diretoria encontra-se blindada contra os ataques dos "desenvolvimentistas", segmento, dentro do seu próprio governo e partido, que pressiona por mais liquidez monetária, imaginando, erroneamente, que vá "impulsionar o crescimento econômico". Talvez o presidente já tenha ouvido falar em Friedrich von Hayek, um dos precursores da escola econômica austríaca. Hayek já mostrou, categoricamente, que o excesso de liquidez leva às crises econômicas. No seu último livro, Fatal Conceit, ironizando a facção desenvolvimentista afirma que "a moeda é... entre todas as coisas, a menos entendida e - talvez com o sexo - o objeto das maiores e das mais irracionais fantasias; e, como o sexo, ela simultaneamente fascina, intriga e repele". Sabemos que Lula presenciou no final da década de 80 o desajuste econômico causado pelo desentendimento monetário em nosso país. Viu o povo rebelar-se contra os supermercados e produtores de gado, instigados por um governo que imaginava que eram eles que causavam a alta dos preços, ignorando que a causa estava dentro do Bacen.

Temos que reconhecer que o entendimento monetário evoluiu bastante nesse meio tempo em nosso país. Mas não a ponto de se vir a isolar o Bacen e o governo das críticas economicamente racionais. Entre elas, a de que vem mantendo: a) um crescimento monetário ao redor de 20% ao ano, nível que pressiona a inflação para dois dígitos; b) altas taxas de juros, com conseqüências adversas para a sociedade; c) um endividamento que alcança 47% do PIB, "contra 20% dos países com o mesmo nível de risco", adverte a diretora da Standard & Poors, Lisa Schineller (a mesma que nos concedeu recentemente o "grau de investimento"). Não se pode defender o Bacen, acima de tudo, pela falta de criatividade na condução da política monetária. Resume-se em inchar os saldos de moeda pelo ingresso de divisas estrangeiras e desinchá-los pela venda de títulos públicos, deixando, nesse processo, um rastro de desequilíbrios (só no primeiro trimestre de 2008, os gastos com os juros da dívida pública alcançaram R$ 37,6 bilhões e devem chegar a R$ 150 bilhões no ano).

Mas o presidente precisa reconhecer que a carga tributária também é uma desgraça para os salários do povo. E a política monetária sem brilho do Bacen não fica atrás. Pressiona a carga tributária para cima, aumenta os custos financeiros empresariais e desvia o crédito do setor privado para o público, fatores que levam à queda da produção, da renda e dos empregos, fatal para os pobres.

A Lição de Jonas para a Amazônia



Rodrigo Constantino

“Se o indivíduo busca satisfazer seu próprio interesse num contexto de respeito à propriedade privada e às trocas efetuadas no mercado, estará fazendo o que a sociedade espera que ele faça.” (Mises)

Ao se deparar com o título do artigo, o leitor pode se perguntar quem é esse tal de Jonas. Seria ele algum ambientalista importante, renomado mundialmente? Ou seria ele algum especialista em florestas, profundo conhecedor da legislação ambiental brasileira? Seria ele, no fundo, algum burocrata do Ibama? Na verdade, não é nada disso. Jonas é apenas o personagem de um livrinho escrito para um público mais jovem, chamado As Aventuras de Jonas, O Ingênuo, que conta as experiências do garoto Jonas numa ilha onde ele foi parar depois de uma tempestade à deriva. Através de perguntas objetivas feitas pelo ingênuo garoto, sinceramente interessado em aprender, as incoerências do modelo de governo na ilha vão ficando cada vez mais evidentes. Em um dos casos, conversando com um pescador, a lição aprendida por Jonas pode ser muito útil para uma possível solução ao problema da Amazônia, cujo desmatamento foge totalmente do controle do governo.

Ao tentar beber água de um lago, Jonas escuta a advertência de um pescador, para não beber aquela água contaminada. Os dois iniciam uma conversa então, e o pescador conta para Jonas que o lago está poluído, e que os peixes que restaram são miúdos. Jonas quer saber por que as outras pessoas pegam o peixe do pescador e jogam lixo em seu lago. O garoto fica espantado então ao saber que o lago não é do pescador, mas “de todos”, assim como as florestas e rios. Jonas passa a entender rapidamente a idéia de que aquilo que é de todos, na verdade não é de ninguém, não tem dono. Não há incentivos adequados para que o pescador cuide daqueles peixes, alimentando-os para que cresçam, já que qualquer um pode pescá-los a qualquer momento. O pescador explica: “Por que eu deveria cuidar dos peixes, já que a qualquer momento qualquer outra pessoa pode vir aqui e pescá-los? Se alguém mais pode pescar os peixes, ou poluir o lago com lixo, então lá se vai todo o meu esforço!”

Qual poderia ser a solução para este problema? A resposta está naquilo que o pescador contou a Jonas: “Pense numa coisa: eu bem que gostaria de ser o dono deste lago. Então eu me asseguraria de que os peixes seriam bem cuidados. Tomaria conta do lago, assim como o criador de gado que administra a fazenda do próximo vale. Eu criaria os peixes mais fortes e gordos, e pode apostar que não permitiria que roubassem peixes, ou que jogassem lixo no lago”. Em outras palavras, a solução seria o direito de propriedade privada, tal como ocorrem nas fazendas com gados, normalmente muito bem cuidados. Foi mais ou menos a solução encontrada na Islândia, onde a indústria pesqueira é fundamental para a economia. Mas o lago do livro era administrado pelo governo, o Conselho dos Lordes, e o curioso é que os amigos dos Lordes geralmente pescavam e poluíam à vontade. O pescador desabafa: “É como se o peixe diminuísse à medida que aumenta o que é pago ao administrador da pesca”.

E não é exatamente isso que acontece com a Amazônia brasileira? Ela não é um “patrimônio de todos” e, portanto, de ninguém? Não é explorada de forma totalmente irracional, com foco em lucros imediatos, principalmente pelos “amigos do governo”? Por que há esse problema todo de desmatamento na Amazônia, mas não nas florestas da Aracruz, Klabin, Suzano ou VCP? Qual a diferença? O pagador de impostos não banca cada vez uma conta maior, mesmo que a situação só piore? Entender que o cálculo racional e o interesse pela preservação de um ativo são características presentes onde a propriedade é privada e tem dono bem definido, é fundamental para chegar a uma solução adequada para o problema da Amazônia. As empresas cuidam bem dos ativos, plantam novos eucaliptos, tudo isso objetivando o lucro. No site da própria Aracruz, encontramos: “Por ser uma empresa de base florestal, a Aracruz sabe que a própria sobrevivência do empreendimento depende do uso renovável dos recursos naturais, assegurando que estejam disponíveis para as futuras gerações”. As atividades delas precisam ser sustentáveis, e o principal insumo tem que ser bem utilizado.

Quem duvida disso deveria se perguntar, sinceramente, quem é que costuma lavar e cuidar bem de um carro alugado. Compare esse tratamento aos cuidados de um carro particular, pelo seu próprio proprietário. Há um abismo de diferença! Isso é natural, pois o dono vai sempre cuidar mais do que é seu, assim como um pai cuida melhor do próprio filho em relação a crianças desconhecidas, ou um marido cuida melhor de sua mulher em relação a uma prostituta. Podemos pensar em uma mina ou poço de petróleo também. Uma empresa privada, que depende de seu fluxo de caixa futuro para sustentar seu valor presente, terá todos os incentivos para preservar a capacidade do ativo, enquanto um governo eleito pensa apenas no próximo mandato, e tem o incentivo para acelerar a produção, mesmo sacrificando a capacidade futura do ativo. Essa talvez seja uma das maiores inversões da história da economia, de que empresários gananciosos focam apenas no lucro imediato, enquanto os políticos focam no longo prazo. A verdade é que ocorre justamente o oposto. A famosa expressão “crescimento sustentável”, portanto, depende da condição de propriedade privada.

Os exemplos para comprovar essa lógica seriam infindáveis. Comparemos as condições das estradas privadas com as públicas, muitas vezes caindo aos pedaços, não obstante os impostos sempre maiores. Lembremos de como eram as ferrovias estatais, e como ficaram depois das privatizações. Ou ainda a Embraer, uma empresa mal administrada enquanto estatal, um verdadeiro ralo de dinheiro público, que se tornou motivo de “orgulho nacional” depois da privatização. Temos vários outros casos para ilustrar a mudança na gestão dos ativos quando estes passam das mãos estatais para as mãos privadas. Não teria porque ser diferente com a floresta amazônica. Contar com a proteção do Curupira é ingenuidade pura. E achar que o governo – uma espécie de Curupira, que também tem os pés trocados, despistando os contribuintes com seus passos enganosos – que o governo, dizia eu, poderá resolver os problemas, também é ingenuidade. Não vai, nem com a romântica Marina Silva, nem com o “pragmático” Carlos Minc. Os incentivos não são os mais adequados.

O que fazer então? Deixar o setor privado cuidar e explorar racionalmente a floresta. Pode ser através de laboratórios farmacêuticos, nacionais ou estrangeiros, em busca da biodiversidade para novos remédios. Pode ser por empresas de eco-turismo criando parques para visitas e aventuras. Pode ser vendendo uma parte para empresas madeireiras extraírem madeira de forma inteligente, preservando o ativo. Pode ser até mesmo vendendo trechos para os ricos ambientalistas do Greenpeace ou WWF, que pagariam com prazer para preservar o “pulmão do mundo”, mostrando com o bolso que realmente valorizam a preservação da floresta. Existem diversas formas de passar a floresta para os cuidados do setor privado, sem que isso acabe gerando um desmatamento maior ou mais descontrolado. Até porque mais irracional e acelerado que o desmatamento atual é difícil.

Como se vê, as lições que Jonas rapidamente aprendeu com o pescador podem ser bastante úteis. O ingênuo que faz perguntas lógicas, sem preconceitos ideológicos, acaba sendo muito inteligente, enquanto muitos ambientalistas experts imbuídos de ideologia são os verdadeiros ingênuos, crentes em um deus governo, na verdade inexistente. Acabam como “melancias”, verdes por fora, mas vermelhos por dentro. Ignoram a solução apresentada por pura desconfiança irracional em relação ao setor privado, ao motivo lucro, que é responsável justamente pela racionalidade no uso dos recursos escassos.

Um último exemplo pode ilustrar perfeitamente isso: dois países africanos tinham caça predatória aos elefantes, em busca do seu valioso marfim. Um deles adotou o caminho básico pregado pelo lugar-comum, ou seja, a simples proibição legal da caça. Os crentes na caneta mágica do governo são persistentes. O resultado, naturalmente, foi um incremento da corrupção dos fiscais, e por fim a extinção completa dos elefantes nesse país. O outro escolheu um caminho mais ousado, porém racional, de permitir a caça concedendo licenças. Os elefantes ainda vivem em manadas nesse país, e a extração do marfim é uma atividade lucrativa. Dois coelhos numa cajadada só! Será que não está mais do que na hora de se pensar o caso da Amazônia em termos menos passionais e mais racionais? Jonas tem uma importante lição para nos dar sobre esse assunto...

Um esfomeado pode ser considerado uma pessoa livre?


Os social-democratas modernos, aqueles que defendem a idéia de que o governo deve suprir-nos com as necessidades básicas - ou supostas necessidades básicas - da vida, raramente percebem que este tipo de assistencialismo se baseia em um sistema de roubo e de escravização em massa que é completamente contrário à sua declarada crença na liberdade. E de fato, os defensores de tal política apresentam-na como se fosse verdadeiramente o oposto do que ela é, como se ela estivesse realmente intensificando nossa liberdade.

Essa discórdia se deve à alegação conceitual de que só há liberdade quando algumas das nossas necessidades mais básicas são satisfeitas - se necessário, pelas ações de outros. Adeptos dessa visão afirmam que "o esfomeado não é um homem livre"[1] e que, por isso, o estado benevolente e assistencialista tem o dever de livrá-lo da inanição e de outras privações. Somente assim ele poderia ser considerado livre.

Esta típica posição do moderno social democrata foi celebremente demonstrada por Sir William Beveridge em sua defesa de um estado assistencialista britânico:

Liberdade significa mais do que ser livre do poder arbitrário dos governos. Significa ser livre economicamente da servidão da Penúria e da Miséria e de outras desgraças sociais; significa ser livre do poder arbitrário, qualquer que seja a sua forma. Um homem esfomeado não é livre porque, até que ele seja alimentado, ele não conseguirá pensar em nada que não seja em como satisfazer suas urgentes carências físicas; ele é rebaixado de homem a animal. Um homem que não ouse mostrar seu ressentimento contra aquilo que considere ser uma injustiça da parte de seu empregador ou chefe, por medo de ser condenado ao desemprego crônico, não é um homem livre.[2]

Este conceito combina dois tipos bem diferentes de liberdade: a liberdade contra a coerção de outros homens e a liberdade em se abster da obrigação pessoal de satisfazer as nossas próprias necessidades básicas de sobrevivência. Apesar de serem apresentados como dois requisitos paralelos para que haja liberdade, eles são, na realidade, mutuamente excludentes. A partir do momento em que o homem passa a existir, ele terá necessidades materiais; e a única maneira pela qual ele pode fugir da responsabilidade pessoal de satisfazer essas necessidades é impondo essa responsabilidade sobre outros. Se essa imposição for voluntariamente empreendida por outros, então tanto o libertário como o social democrata moderno estão de acordo - ambos aprovam a caridade voluntária.[3] Mas isso não é o que os social-democratas modernos propõem. Ao contrário, eles impõem essa tarefa de ajudar os necessitados fazendo uso da força da lei - tudo sob os auspícios do estado assistencialista. Sob esse sistema, todos são forçados a contribuir com o custo de suprir as necessidades, ou as supostas necessidades, dos outros.

Apesar de qualquer retórica ao contrário, este estado assistencialista estabelecido pelos modernos social-democratas não faz nada para apaziguar a contradição entre a liberdade contra a coerção humana e a liberdade em relação à natureza - ele simplesmente sacrifica a primeira tentando obter a segunda.

Liberdade em relação à "servidão econômica" e os "poderes arbitrários" da natureza

Todos os seres vivos devem se empenhar em ações de auto-sustentação se quiserem sobreviver. Tudo o que se requer é que haja comida suficiente para se evitar a fome, e proteção contra os aspectos mais severos da natureza para se evitar a destruição - todos têm de comer, beber e dormir. Essa é a "servidão econômica" à qual Sir Beveridge se refere. A liberdade que ele e outros social-democratas modernos almejam é a liberdade em relação ao próprio corpo, a liberdade em relação à natureza. As exigências do nosso sistema digestivo, do nosso coração, do nosso cérebro, dos nossos pulmões são os "poderes arbitrários" contra os quais devemos ser "libertados" - libertados, nesse caso, significa coagir outros homens, que são roubados e escravizados para satisfazer as necessidades impostas por nosso organismo.

O homem esfomeado realmente precisa de comida - isto é, se ele não ingerir comida suficiente para sustentar seu próprio corpo, irá morrer brevemente. Essa é a natureza do seu corpo - nenhuma outra pessoa impõe essa necessidade sobre ele. O homem esfomeado nunca estará livre da natureza do seu próprio corpo, mesmo vivendo sob o assistencialismo estatal. Essa é uma questão metafísica, e não uma de filosofia política. Mas o esfomeado deveria sempre estar livre da coerção de outros homens. Ele deveria ser livre para obter comida através de trocas voluntárias com outras pessoas. Se ele for incapaz de oferecer qualquer coisa de valor em troca, então ele deveria ser livre para confiar na caridade voluntária. Mas não se deve permitir que ele roube ou escravize outros homens para poder satisfazer suas necessidades. Da mesma forma que não se deve permitir que outros roubem e escravizem para benefício do esfomeado. Todos têm o direito de estar livre de agressões.

Se é para levarmos a sério este princípio da não-agressão, então devemos reconhecer suas implicações lógicas e ser honestos em relação a essas implicações. Devemos reconhecer que esse princípio nos deixa sem qualquer garantia firme de que seremos alimentados, banhados, vestidos e alojados em qualquer tipo de moradia. Devemos reconhecer que se formos incapazes de obter nossas necessidades básicas através da nossa própria iniciativa, então teremos que contar com a assistência voluntária de outros. Se formos incapazes de convencer esses outros a suprir nossas carências mais básicas, então a liberdade que eles têm contra a nossa coerção pode significar que iremos morrer. Essa pode parecer uma posição insensível, mas é bem mais humana do que ter um estado assistencialista, que escraviza todos os homens pelo tempo em que estiverem vivos.

E mais ainda: por maior que seja a alegria com a qual os defensores do estado assistencialista façam suas santimoniais exposições sobre o alegado "direito" à alimentação, à moradia, à saúde e por aí vai, eles têm de aceitar que, em dado momento, uma pessoa será deixada à morte por escassez de recursos - pelo simples fato de que comida, habitação, e cuidados médicos são recursos escassos, de forma que não é possível prolongar a vida de cada indivíduo ao máximo que seria possível. Mesmo que todos gastassem todos os seus esforços para prolongar a vida daqueles que estão atualmente vivos, o esforço para prolongar algumas vidas através do consumo de recursos escassos inevitavelmente significa que esses recursos não estarão disponíveis para prolongar a vida de outros. Tolices piedosas, do tipo "nenhuma quantia de dinheiro vale uma vida" não evitam esse fato - servem apenas para massagear o ego daqueles que querem ter uma desculpa para poder desperdiçar recursos ajudando aqueles que lhes são mais importantes, em detrimento daqueles que não são.

A fome sob o Capitalismo e o Socialismo

Conquanto tenhamos de aceitar o fato de que algumas pessoas - particularmente aquelas que já são velhas ou que estejam seriamente adoentadas - irão morrer em um dado momento devido à falta de cuidados ou de recursos, a probabilidade de uma pessoa saudável morrer de fome ainda é bastante improvável. Essa é uma probabilidade que só existe na demagogia dos estatistas adeptos do assistencialismo, mas não no mundo real do capitalismo de livre mercado.

O histórico real do sistema de capitalismo de livre mercado (ou melhor, do sistema de relativo capitalismo de livre-mercado, já que um verdadeiro capitalismo de livre mercado jamais existiu) mostra que esse é o único sistema que permitiu uma enorme prosperidade material conjugada com um voluntário e abundante setor caritativo.[4]

E na verdade, algumas das maiores organizações de caridade do Ocidente que existem hoje foram fundadas no século XIX, durante o apogeu do capitalismo de livre mercado.[5] Desde então, o crescimento do estado assistencialista praticamente expulsou a caridade privada e fez estragos maciços na ética caritativa.

Apesar de ainda haver apelos polêmicos para que se ajude os esfomeados, essa tática é atualmente mais engodo do que realidade. Poucos realmente crêem que haja qualquer indício de fome em relação aos "pobres" daqueles países ricos que se beneficiaram do capitalismo de livre mercado.[6] Aliás, o maior problema enfrentado pelos "pobres" nos países ocidentais é a obesidade mórbida, e não a inanição.

Apelos contínuos para que se satisfaçam as alegadas "necessidades básicas" dos mais "pobres" não são nada mais do que a ponta do iceberg para os vindouros esforços em larga escala para se distribuir riqueza.

A prosperidade material inerente ao capitalismo de livre mercado apresenta-se em total contraste à pobreza inerente àqueles países que abriram mão da liberdade contra a coerção, e que adotaram idéias impraticáveis que pregavam a liberdade em relação às necessidades da natureza. O que acabou ocorrendo nesses casos foi a fome em massa, incluindo a inanição ocorrida em países sob governos socialistas que arrogavam a si próprios a abrangente tarefa de suprir as necessidades das pessoas.[7]

O contexto é ignorado para que se possa omitir discussões sobre a responsabilidade pessoal

Começar qualquer argumentação pela hipótese de que um homem está esfomeado é um exemplo clássico de como se ignorar o contexto da situação. Afinal, só para começar, como ele foi parar nessa terrível situação? Sob um ambiente de capitalismo de livre mercado, a lei das vantagens comparativas e a divisão do trabalho asseguram que ele sempre estará apto a realizar alguma tarefa valorosa com uma eficiência relativamente maior do que a de outras pessoas. A ausência de interferência governamental no mercado de trabalho garante que ele estará apto a obter trabalho nas áreas em que tem vantagem comparativa, se ele assim o desejar. E o constante aperfeiçoamento da eficiência da produção capitalista assegura que seu salário aumentará ao longo do tempo, e os preços dos bens e serviços básicos irão cair, permitindo que ele se beneficie dos níveis de prosperidade cada vez maiores.

Para o pequeníssimo número de pessoas genuinamente incapazes de executar trabalho produtivo em um nível capaz de sustentar suas próprias necessidades básicas - tais como aquelas com sérias deficiências físicas ou mentais -, sempre houve uma ampla oferta de caridade voluntária oferecida por muitas outras pessoas que prosperaram sob o capitalismo de livre mercado. O perigo de essa oferta de caridade se tornar indisponível é aumentado pelos esforços combinados de estatistas assistencialistas com o intuito de confundir a genuína caridade voluntária com a falsa caridade fornecida pelo governo ou por agências financiadas pelo governo. Essa fraude levou algumas pessoas a associar caridade com estatismo (como era a intenção) e, por isso, a rejeitar ambos (o que não era a intenção).

A desonestidade dos estatistas assistencialistas

Esse cândido reconhecimento da contradição entre liberdade, coerção e assistencialismo estatal é mais do que se pode esperar dos defensores do estado assistencialista. A maioria deles não se contenta apenas em admitir sua preferência pelo assistencialismo estatal em relação à liberdade contra a coerção. Eles também querem encobrir a natureza coerciva de toda a ação governamental. Como um exemplo característico desta postura fraudulenta tem-se a maliciosa declaração de Sir Beveridge, "A liberdade significa mais do que apenas livrar-se do poder arbitrário dos governos"[8] De fato, a "liberdade" concebida por Sir Beveridge e outros estatistas assistencialistas não significa de maneira alguma livrar-se do poder arbitrário dos governos. Significa exatamente o oposto: que as pessoas devem ser sistematicamente escravizadas por seus governos com o intuito de poder fornecer uma sempre expansiva lista de bens e serviços àqueles que o governo considere dignos de recebê-los.

Devido à ausência de qualquer genuína possibilidade de inanição nos países desenvolvidos, torna-se evidente a falsidade dos apelos de ajuda aos esfomeados. No moderno estado assistencialista, o governo não fornece apenas as necessidades mais indispensáveis para o sustento básico. Além de fazer isso, o estado também se envolve em políticas de redistribuição de riqueza em larga escala, permitindo que os beneficiários deste sistema vivam muito além da mera subsistência,[9] utilizando recursos que foram sistematicamente pilhados dos outros cidadãos.

Para ser bem claro, isso não significa de maneira alguma que se está dizendo que os beneficiários do assistencialismo levam vidas opulentas.[10] Mas opulência e subsistência são dois padrões muito diferentes, e se os assistencialistas escolherem utilizar os argumentos que defendem a política assistencialista como meio de mera subsistência - como os apelos à alegada falta de liberdade inerente ao esfomeado -, então eles devem se manter nesse padrão. Trata-se de uma fraude enorme quando os assistencialistas impõem redistribuição em massa de riqueza como meio de combater a suposta fome, pois a fome, nesse caso, claramente não é o motivo dessa política. Por mais pobres que os beneficiários das políticas assistencialistas sejam em relação à população geral, eles claramente não estão correndo perigo de inanição.

Mesmo aceitando a imagem do esfomeado como um útil experimento mental, a afirmação de que sua fome anula sua liberdade é insustentável. Em uma sociedade livre - isto é, uma sociedade que não aceite a coerção governamental - ele teria oportunidades várias para satisfazer suas carências no livre mercado. Se ele for genuinamente incapaz de fazê-lo, ele achará um grande número de pessoas mais prósperas dispostas a ajudá-lo voluntariamente. Nesse alegado esforço em nos livrar da "servidão econômica" e em satisfazer nossas carências mais básicas de sobrevivência, o moderno estado assistencialista - a materialização da filosofia dos social-democratas modernos - tem tido mais sucesso em criar dependência do que em criar opulência. Ao escravizar todos ao governo nessa pungente e infindável batalha de suborno político, a única meta atingida pelo estado foi a erosão da ética e dos incentivos que nos levam a cuidar de nós mesmos e dos outros.


Ben O'Neill é um pesquisador da Australian National University e um conselheiro da Assembléia Legislativa da ACT. Esse artigo representa suas visões pessoais e não as visões de seus empregadores.

Notas

[1] Ocasionalmente ouve-se também a versão mais forte, que diz que "o faminto não é livre". Para os propósitos deste artigo, iremos utilizar a versão mais leve, o que logicamente também irá permitir lidar com a mais forte.

[2] Beveridge, W. Why I am a Liberal (Herbert Jenkins: London, 1945), p. 9.

[3] Apesar do fato de que muitos social-democratas modernos tendem a considerar a caridade como sendo algo aviltante para o donatário, seja porque acreditam que o donatário já tem um "direito" à sua assistência, ou porque acreditam que, na ausência de alguma garantia de sobrevivência, o donatário está sendo forçado a uma relação de subordinação ao doador.

[4] O campo da política mostra um infeliz sinal de degeneração intelectual ao ter que usar o redundante conceito de caridade voluntária.

[5] Por exemplo, a Sociedade São Vicente de Paulo foi fundada em 1833, a Royal London Society for the Blind em 1838, a Cruz Vermelha em 1863 e o Exército de Salvação em 1865.

[6] Escrevo "pobres", entre aspas, porque as pessoas mais pobres dos países ricos são de fato tremendamente ricas em comparação à maioria das pessoas em todo o mundo, tanto historicamente como na atualidade. Mesmo o trabalhador mais servil ou qualquer um desempregado nos países ricos atualmente desfruta de um estilo de vida de absoluta opulência comparado às condições vividas pela maior parte da humanidade, historicamente - eles estão longe de estar passando fome. De fato, elas são pobres apenas em comparação às outras pessoas de países ricos que são ainda mais ricas.

[7] Por exemplo, em 1932-1933 o governo da União Soviética intencionalmente matou de fome cinco milhões de camponeses ucranianos. Durante o "Grande Salto Adiante" o governo chinês matou de fome vinte e sete milhões de chineses, o maior caso de morte por inanição da história da humanidade. Ver Rummel, R.J. Death by Government (Transaction Publishers: New Brunswick, 1994), pp. 80, 97.

[8] Beveridge, W. Why I am a Liberal (Herbert Jenkins: London, 1945), p. 9. A ênfase foi adicionada.

[9] Ocasionalmente ouve-se defensores do assistencialismo falando sobre pessoas vivendo "abaixo dos níveis de subsistência". Esses estatistas precisam de um dicionário, não de um palanque na mídia.

[10] Comparando-se com a população geral do mesmo lugar e da mesma época, certamente que não. Mas, com certeza, quando comparadas às condições históricas em que a maioria das pessoas viveu no decorrer da história, pode-se dizer que sim.

 
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