adoção como alternativa para o aborto

Muitos médicos holandeses não concordam com o programa do governo, que determina que uma mulher grávida, que queira abortar precise considerar primeiro a adoção como alternativa.

Segundo a proposta do novo gabinete, as mulheres cuja gravidez não é desejada devem ter um tempo para pensar, de cinco dias.


Entretanto, os médicos devem lhes informar sobre a possibilidade de entregar o recém-nascido para a adoção. Com esta política, o governo espera diminuir o índice de abortos. O gabinete, formado por uma coalizão de dois partidos cristãos e o social-democrata, conseguiu incluir o aborto na agenda, depois de décadas de silêncio sobre o tema.

Uma pesquisa do jornal de Roterdã, Algemeen Dagblad, e do site de médicos na internet, Huisartsvandaag, perguntou a cem médicos o que eles fariam quando uma mulher planejasse abortar. Dois terços dos entrevistados pensam que é totalmente inadequado propor para mulheres ou jovens, que não desejavam engravidar, para que dêem à luz e que a criança seja depois adotada.

Estes médicos não estão satisfeitos caso a lei os obrigue a sugerir a alternativa da adoção durante a consulta sobre a gravidez indesejada. O argumento é que esta mulheres já pensaram o suficiente antes de chegar à decisão do aborto.

A maioria dos médicos acha que pedir para que as pacientes pensem mais cinco dias sobre o aborto é como se não as levassem a sério. 90% dos entrevistados acreditam que tal situação violaria a política de relação de confiança entre o médico e a paciente.

A organização de médicos dos Países Baixos KNMG (Koninklijke Nederlandse Maatschappij) concorda com este ponto de vista. Peter Holland, da KNMG, não consegue imaginar que o governo proponha seriamente uma lei que obrigue a adoção como alternativa para o aborto.

O médico e militante do partido PvdA (social-democrata), Rob Oudkerk, é menos lacônico sobre a proposta do governo. Segundo ele, ninguém pode determinar o que se fala na consulta com o médico. Oudkerk acredita que tal lei é um menosprezo aos direitos da mulher. Dias depois do dia internacional da mulher, Oudkerk não consegue compreender que o próprio partido que integra esteja a favor desta linha de governo.

Ainda que a redução do aborto esteja no programa do governo, há poucas possibilidades de que o parlamento consiga maioria para votar uma lei que limite o aborto. Até agora, nenhum dos dois partidos cristãos que fazem parte da coalizão do governo declararam ter a intenção de modificar a lei. O que significa que, de momento, não existem meios para obrigar os médicos a seguir a proposta do governo.

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