O Ódio a Israel


Rodrigo Constantino

“Não é possível discutir racionalmente com alguém que prefere matar-nos a ser convencido pelos nossos argumentos.” (Karl Popper)

O anti-semitismo é praticamente tão antigo quanto o próprio judaísmo. Os motivos variaram com o tempo. A arrogância presente na idéia de “povo escolhido” pode ser parte da explicação, mas não basta, pois todas as religiões acabam se vendo como a única detentora da Verdade e das chaves para o paraíso. O fator econômico pode ser parte da origem desse sentimento também. A prática da usura era condenada enquanto os judeus desfrutavam de sua evidente lógica: o tempo tem valor. Shakespeare retratou de forma intensa o anti-semitismo de seu tempo, na sua clássica obra O Mercador de Veneza. Shylock é o ícone do financista insensível e explorador, visão até hoje alimentada por muitos. O Holocausto, com apoio dos principais líderes muçulmanos, foi o ponto alto do preconceito contra judeus. Atualmente, o ódio irracional aos judeus está novamente em alta.



O anti-semitismo acaba levando ao anti-sionismo, e o próprio direito de existência de Israel é negado por muitos. Vários países existem por causa de decisões arbitrárias de governos, principalmente após guerras. São inúmeros exemplos, e Israel é apenas mais um. Só que, curiosamente, somente Israel não tem o direito de existir. O que Israel faz de tão terrível para que mereça ser “varrido do mapa”, como fanáticos islâmicos defendem? Vou arriscar uma possível resposta nesse artigo, com base no foco econômico.

Israel é um país pequeno, criado apenas em 1948, contando com pouco mais de sete milhões de habitantes. Entretanto, o telefone celular foi desenvolvido lá, pela filial da Motorola, que possui seu maior centro de desenvolvimento em Israel. A maior parte do sistema operacional do Windows NT e XP foi desenvolvida pela Microsoft-Israel. A tecnologia do chip do Pentium MMX foi projetada na Intel em Israel. O microprocessador Pentium 4 e o processador Centrino foram totalmente projetados, desenvolvidos e produzidos em Israel. A tecnologia da “caixa postal” foi desenvolvida em Israel. A Microsoft e a Cisco construíram suas únicas unidades de pesquisa e desenvolvimento fora dos Estados Unidos em Israel. Cientistas israelenses desenvolveram o primeiro aparelho para diagnóstico de câncer de mama totalmente computadorizado e não radioativo. Em resumo, Israel possui uma das indústrias de tecnologia mais avançadas do mundo.

A economia de Israel tem um PIB acima de US$ 180 bilhões por ano. A penetração de computador é uma das maiores do mundo. Quase um terço dos habitantes tem acesso a Internet. Lá são produzidos mais artigos científicos per capita que qualquer outro país do mundo. Israel possui o maior Índice de Desenvolvimento Humano do Oriente, ostentando o 23º lugar no ranking geral. A renda per capita chegou a US$ 25 mil, bem acima da média da vizinhança. A taxa de mortalidade infantil está em 4,3 mortes para cada mil nascimentos, um padrão de país rico. O Irã, por outro lado, tem 37 mortes por cada mil nascimentos, enquanto o Egito tem 28, a Síria tem 27 e o Líbano tem 23. A expectativa de vida ao nascimento está acima de 80 anos em Israel, comparado aos 71 anos no Irã, 72 no Egito, 71 na Síria e 73 do Líbano. Praticamente não existe analfabetismo em Israel. E por aí vai.

Não custa lembrar que tudo isso foi conseguido sob constante ameaça terrorista por parte dos vizinhos muçulmanos, demandando um pesado gasto militar por parte do governo israelense. Em relação ao PIB, Israel possui um dos mais elevados gastos militares do mundo. Ainda assim, o país foi capaz de gerar um quadro sócio-econômico bastante razoável, mesmo para os padrões desenvolvidos. Quando comparamos esta realidade com a situação caótica da maioria dos países com predominância islâmica na região, fica mais fácil entender uma parte do ódio que é alimentado contra os judeus. O sucesso incomoda, acaba despertando inveja. A romântica postura de Davi contra Golias, de tomar sempre o partido dos mais fracos, ajuda a explicar o ódio a Israel.

Claro que os fatores religiosos pesam muito. A lavagem cerebral feita nas crianças muçulmanas desde cedo, retratando o judeu como o grande demônio culpado por todos os males locais, contribui muito para o quadro também. Mas as gritantes diferenças econômicas e sociais adicionam muita lenha na fogueira, não resta dúvida. Fora isso, os israelenses podem escolher seus governantes democraticamente, enquanto os muçulmanos vivem sob ditaduras. Isso para não falar das diferenças na liberdade feminina. Há um abismo moral que separa Israel do restante no que diz respeito aos direitos das mulheres.

Com tanta miséria e ignorância, ausência das liberdades mais básicas, mulheres submissas com o corpo todo coberto, e uma religião que enaltece o sacrifício por Alá, a tentação de morrer como mártir e ser recebido por dezenas de virgens no paraíso parece irresistível. O ideal seria mostrar para os muçulmanos que isso não é necessário. Israel não é um paraíso – longe disso. Mas perto da realidade dos vizinhos islâmicos, acaba parecendo um oásis no meio do deserto. Ao invés de cometerem suicídio em ataques terroristas na tentativa de destruir Israel, os muçulmanos fariam melhor se pressionassem seus líderes para que Israel fosse um exemplo a ser seguido, não “varrido do mapa”. Todos, à exceção dos seguidores do profeta que usam a existência de Israel como escusa para todo tipo de atrocidade doméstica, sairiam ganhando. Principalmente os pobres palestinos. Afinal, não custa lembrar que os maiores responsáveis pelas mortes e pela miséria na Palestina e demais países islâmicos são os próprios líderes muçulmanos, que usam a religião para manter o poder.

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