O QUE A INDIA TEM DE TAO ESPECIAL?

O maior país muçulmano é a Indonésia, e o segundo não é a Arábia Saudita,nem a palestina, nem o Ira, o Egito ou o Paquistão. E a índia! Com cerca de 150 milhões de muçulmanos, os membros dessa religião são ali mais numerosos do que no Paquistão. Mas há uma estatística interessante não se conhecem muçulmanos indianos na al-Qaeda e não há indianos muçulmanos no campo norte-americano de prisioneiros na baía de Guantánamo. E também não foram encontrados muçulmanos indianos lutando ao lado dos jihadistas no Iraque. Por que será?


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— Vou lhe propor uma adivinhação: Qual é a única grande comunidade muçulmana que tem gozado de constante democracia durante os últimos cinquenta anos? Os muçulmanos da índia. Não vou exagerar a boa sorte dos muçulmanos neste país. Há tensões, discriminação económica e provocações, como a destruição da mesquita de Ayodhya [obra de nacionalistas hindus em 1992]. Mas o fato é que a Constituição da índia é secular e fornece uma verdadeira oportunidade de progresso económico de qualquer comunidade que possa oferecer talento. Por isso uma classe média muçulmana crescente está progredindo e em geral não manifesta os indícios de profunda ira que podem ser encontrados em muitos estados muçulmanos não-democráticos. Nos lugares onde está mergulhado em sociedades autoritárias, o Islã tende a tornar-se veículo de raivosos protestos — Egito, Síria, palestina, Arábia Saudita, Paquistão. Mas quando o Islã faz parte de uma sociedade pluralista e democrática, como na Turquia e na índia, por exemplo, as interpretações das pessoas de visão mais progressista têm a oportunidade de serem mais ouvidas, e existe um foro democrático onde podem lutar por suas ideias num ambiente mais igualitário.
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O homem mais rico da índia atualmente, que ocupa lugar elevado na lista de bilionários globais da revista Forbes, é um muçulmano indiano: Azim Premji, presidente da Wipro, uma das empresas de tecnologia mais importantes do país. Dêem aos jovens um contexto onde possam transformar a imaginação positiva em realidade; dêem-lhes um contexto em que quem tiver reivindicações possa entregá-las a um tribunal sem ter de subornar o juiz presenteando-o com uma cabra; dêem-lhes um contexto onde possam desenvolver uma ideia empresarial e se tornar a pessoa mais rica, mais criativa ou mais respeitada de seu próprio país, qualquer que seja sua origem; dêem-lhes um contexto no qual qualquer queixa ou ideia possa ser publicada no jornal; dêem-lhes um contexto em que qualquer pessoa possa candidatar-se a cargos no governo — e sabem o que acontece? Em geral, essas pessoas não querem explodir o mundo. Em geral querem participar dele.
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Um amigo meu, muçulmano do sul da Ásia, certa vez me contou a seguinte história: sua família indiana se separou em 1948, com metade indo para o Paquistão e a outra metade permanecendo em Bombaim. Quando ele cresceu, perguntou ao pai por que motivo a metade indiana da família parecia estar em melhor situação do que a metade paquistanesa. O pai respondeu:
"Meu filho, quando um muçulmano cresce na índia e vê um homem que mora numa grande mansão no alto da colina, diz: 'Papai, algum dia serei como esse homem.' E quando um muçulmano cresce no Paquistão, e vê um homem que mora numa grande mansão no alto da colina, diz: 'Papai, algum dia vou matar esse homem.'" Quem tem um caminho para tornar-se o Homem ou a Mulher, geralmente se concentra no caminho para a realização de seus sonhos. Quando não há caminho, a pessoa tende a concentrar-se em sua ira e em cultivar suas recordações/fantasiadas ao longo da historia. As pessoas que vivem nesses ambientes tendem a passar o tempo concentradas no que vão fazer e não em quem culpar.

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